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Morre no Rio, aos 87 anos, o flautista Altamiro Carrilho

Autor de cerca de 200 composições, músico colaborou para disseminar o choro e gravou mais de cem discos

Instrumentista foi vítima de câncer no pulmão; amigos lembram carreira e momentos marcantes

DO RIO

Considerado um dos maiores instrumentistas da música popular brasileira, o flautista Altamiro Carrilho morreu na manhã de ontem, no Rio, aos 87 anos, vítima de câncer no pulmão.

O músico havia sido internado em julho num hospital em Copacabana (zona sul), com complicações pulmonares. Chegou a passar três dias no CTI, mas teve alta no último dia 24 e passou a receber atendimento médico em casa. Anteontem, voltou a ser internado e não resistiu.

"Estive no apartamento dele no último sábado, ele estava muito debilitado, mas muito sereno e lúcido. Ficamos lembrando histórias", disse o flautista Sérgio Morais, 34.

Professor do Clube do Choro de Brasília, Morais esteve com Carrilho em um de seus últimos shows, em maio, na capital do país.

Quarto filho de uma família de oito irmãos -entre eles o também flautista Álvaro-, Altamiro Aquino Carrilho nasceu em 21 de dezembro de 1924 em Santo Antônio de Pádua, no noroeste fluminense.

Em 1938 passou a integrar a banda familiar de seu avô materno, na qual tocava caixa de guerra (tipo de tambor).

Três anos depois, a família se mudaria para São Gonçalo (região metropolitana do Rio) e Carrilho, já flautista rodado por concursos de rádio, teria sua grande oportunidade, substituindo o lendário Benedito Lacerda (1903-1958) como músico de apoio em um show de Moreira da Silva.

Bem-sucedido, foi convidado a participar de um disco do cantor e acabou sendo apresentado a outros artistas -acompanhou estrelas do rádio como Ademilde Fonseca e Emilinha Borba e, em 1949, gravou seu primeiro disco, "Flauteando na Chacrinha".

Ao longo de mais de 60 anos de carreira, compôs cerca de 200 músicas -entre as mais conhecidas estão os choros "Bem Brasil" e "Aeroporto do Galeão"- e gravou mais de cem discos, tornando-se uma lenda do choro e ajudando a disseminar o gênero.

"Ele é uma referência para toda a música brasileira, botou o choro no mundo. Imortalizou o som dele com a Carmen Miranda. É um mentor de uma geração de flautistas", disse Carlos Malta, 52.

"Além de um músico maravilhoso, ele também era uma pessoa muito bem-humorada e engraçada", diz o compositor Francis Hime, 72.

"Foi um músico excepcional. Uma das primeiras vezes em que trabalhamos juntos foi na gravação de 'Meu Caro Amigo'. Ele gravou aquela introdução escrita por mim, mas a música também ficou marcada pelo acelerado que ele improvisou no final."

Carrilho vivia num apartamento em Copacabana com sua única filha, Marina -o flautista era separado.

Segundo amigos, ele havia manifestado recentemente o desejo de ser sepultado em sua cidade natal. Até o início da tarde de ontem, a família não havia confirmado informações sobre o enterro.

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