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Crítica musical

Apesar do libreto frágil, belas canções e boa atriz seguram 'New York, New York'

ALCINO LEITE NETO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Em 1977, o diretor Martin Scorsese aventurou-se pela primeira vez no musical com "New York, New York", cuja história se transformou no mesmo ano em um romance do escritor Earl Mac Rauch, autor do argumento e coautor do roteiro do filme.

Apesar do vigor da "mise-en-scène" de Scorsese e do magnetismo de Liza Minelli e Robert De Niro, o filme foi um fracasso de público e caiu no ostracismo. E do romance pouca gente se deu conta.

Até o dia em que o maestro e produtor Fábio Gomes de Oliveira resolveu criar uma peça musical a partir do livro -empreendimento, que, parece, não ocorreu a ninguém realizar na Broadway.

Dirigido por José Possi Neto, "New York, New York", estreou em 2011 e agora volta aos palcos de São Paulo, mais enxuto e com novo elenco.

O enredo é essencialmente o mesmo no filme, no romance e no musical: a história da paixão -da emergência ao declínio- de um saxofonista e uma cantora, entre o final da Segunda Guerra e o início dos anos 1960.

Poucas canções do filme sobreviveram no espetáculo brasileiro -entre elas, claro, "New York, New York", de John Kander e Fred Ebb.

No entanto a "trama musical" é igual à da produção de Scorsese -das big bands à explosão do jazz-, e uma das coisas mais cativantes do espetáculo é o repertório de sucessos lendários do cancioneiro americano, como "Just One of Those Things" (de Cole Porter, 1935) e "Chattanooga Choo Choo" (de Harry Warren e Mack Gordon, 1941).

A beleza das canções, a encenação segura de Possi Neto, certas invenções coreográficas e a cenografia envolvente disfarçam a fragilidade do libreto, com diálogos rasteiros e situações puramente caricatas: por pouco, não se perde a essência da história, mais dramática que cômica. É um vício dos palcos brasileiros achar que o público deve rir o tempo todo.

Também enriquece o espetáculo a atriz e cantora Kiara Sasso, que, além de ser bem-sucedida nos números musicais, foi capaz de dotar a personagem rasa que lhe ofereceram de um pouco de nuance, páthos e até nobreza.

NEW YORK, NEW YORK
QUANDO qui., às 21h, sex., às 21h30, sáb., às 17h e 21h, dom., às 16h; até 7/10
ONDE teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 3287-8844)
QUANTO R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom

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