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Morre fotógrafo que registrou monge em chamas no Vietnã

O fotógrafo e jornalista norte-americano Malcolm W. Browne morreu anteontem, aos 81. A imagem mais importante de sua carreira foi feita no Vietnã, em 1963: o suicídio de um monge budista que ateou fogo no próprio corpo.

A imagem feita pelo então correspondente da agência de notícias Associated Press contribuiu para que o governo do presidente John F. Kennedy (1917-1963) fizesse uma reavaliação política dos rumos da Guerra do Vietnã.

A autoimolação de Thich Quang Duc diante de cerca de 500 pessoas, em Saigon (Vietnã), foi o protesto mais forte de uma série para chamar a atenção mundial para a repressão sofrida pelos monges budistas sob o governo católico de Ngo Dinh Diem (1901-63) no Vietnã do Sul, apoiado pelos EUA.

O registro serviu também para ilustrar cartões-postais que a China comunista distribuiu para denunciar o "imperialismo americano" -e foi parar na capa do primeiro disco da banda Rage Against the Machine, em 1992.

Em 1964, Malcolm Browne e David Halberstam, do "Times", venceram o prêmio Pulitzer pelas reportagens do conflito. Ele passou a maior parte de sua carreira no jornal "New York Times", onde trabalhou por três décadas.

Especializado em cobertura de guerras, foi alvejado três vezes em combates, expulso de meia dúzia de países e colocado numa "lista da morte" em Saigon. Sua última cobertura de conflitos foi na Guerra do Golfo, em 1991.

Ele era portador da doença de Parkinson, diagnosticada em 2000, e passou os últimos anos de sua vida numa cadeira de rodas.

Segundo sua mulher, Le Lieu, que conheceu em Saigon, Browne morreu num hospital de New Hampshire (EUA), onde se internou após apresentar problemas respiratórios anteontem à noite. Deixou a mulher e dois filhos.