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"Queria ser Michael Jackson", diz o cineasta Spike Lee em Veneza

Na Itália, diretor americano apresentou o documentário "Bad 25", que estará no Festival do Rio

Filme lembra processo de criação de "Bad", disco do rei do pop que completou 25 anos ontem

RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Spike Lee sabe vender seus projetos como poucos diretores americanos da atualidade. Não foi diferente com o documentário "Bad 25".

O longa de pouco mais de duas horas que investiga todo o processo de criação de "Bad", um dos principais discos de Michael Jackson e, por consequência, da música pop, foi apresentado fora de competição em Veneza, ontem, exatamente no aniversário de 25 anos do álbum.

"Hoje é um dia especial", lembra o cineasta, que trabalhou com o rei do pop, morto há três anos, no vídeo (ou "curta-metragem", como Michael falava), de "They Don't Care About Us", filmado em 1996 em Salvador e no morro Dona Marta, no Rio.

"As filmagens na favela no Rio foram as mais complicadas da minha vida", confessa o cineasta à Folha.

"A polícia não podia subir no morro e precisamos falar com o chefe do tráfico para garantir a segurança de Michael. O sujeito era fã e disse: 'Este lugar vai ser o mais seguro da Terra. Pode trazer Michael Jackson e o equipamento'."

"Bad 25", encomendado pela Sony para comemorar o relançamento do álbum e um dos destaques do próximo Festival de Cinema do Rio, evita entrar em grandes polêmicas, apesar de dedicar um tempo à rivalidade de Jackson e Prince nos anos 1980 e mostrar como a atitude do disco foi orquestrada para proteger o cantor de notícias sobre suas excentricidades.

"O documentário é minha carta de amor a Michael Jackson", exaltou Lee. "Trabalhamos em colaboração com os responsáveis pelo espólio dele e há coisas nunca mostradas antes. Mas eu queria falar sobre a música e todo o suor, sangue e lágrimas do processo", afirma o diretor.

MOMENTO MARCANTE

Conhecido por espalhar a cultura hip-hop no fim dos anos 1980 com "Faça a Coisa Certa" (1989), Lee diz que conheceu Jackson quando ele ainda era parte do Jackson 5.

"Eu queria ser Michael Jackson. Quando vi aquele menino com um cabelo afro, cantando e dançando... Cresci com aquela imagem", diz.

Outro momento marcante de "Bad 25" é uma montagem de todos os entrevistados -de Martin Scorsese a Kanye West, passando por Justin Bieber- falando sobre onde estavam no dia da morte do cantor, em 25 de junho de 2009.

Lee estava em Cannes fazendo uma apresentação quando soube da notícia. "Minha reação foi a mesma de meus entrevistados. Não acreditei até ver a declaração de Jermaine, irmão de Michael. Passei um mês fora de órbita e até minha mulher e meu filho perguntaram o que estava acontecendo."

O documentário será editado para a estreia na TV americana em 19 de setembro e, fora do circuito de festivais, não será exibido nos cinemas.

Em fevereiro, a versão do diretor sai em DVD. Mas nenhuma terá aparição de Quincy Jones, produtor do disco. "Ele estava ocupado e nunca conseguíamos nos encontrar", conta o diretor.

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