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Crítica Comédia

Roteiro fraco transforma boa premissa em desfile tedioso de piadas manjadas

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Toda boa comédia parte de uma ideia simples: um personagem que se encontra em uma situação constrangedora, uma pessoa que precisa se passar por outra etc.

O que é "Quanto Mais Quente Melhor" (1959), de Billy Wilder, senão a história de dois músicos que precisam se fingir de mulheres? O problema não é a ideia, é como ela é usada no filme.

"Ted", de Seth MacFarlane, tem uma premissa curiosa: o relacionamento de um menino, John, e seu urso de pelúcia, que ganha vida e vira uma celebridade local.

É, no fundo, um conto de fadas moderno, como o "E.T" (1982), em que um ser do espaço chega à Terra e faz amizade com um menino.

Só que a história de "Ted" não para por aí. O filme pula quase 30 anos no tempo e encontra John (Mark Wahlberg) e Ted já trintões.

John trabalha num escritório e namora Lori (Mila Kunis). Já Ted virou um vagabundo profissional: passa os dias bebendo, fumando maconha e tramando encontros com prostitutas.

A premissa é boa. Ver um bicho de pelúcia fofinho falando palavrões e se comportando como John Belushi (de "O Clube dos Cafajestes") é divertido. Por uns 15 minutos.

Logo fica evidente que o filme se resume a isso, e o fraco roteiro põe tudo a perder.

"Ted" vira, a exemplo de tantas comédias recentes, um desfile tedioso de piadas manjadas, "gags" politicamente incorretas e brincadeiras com a cultura pop.

"Eu sei me mexer numa pista de dança", diz John. "Pessoas com mal de Parkinson também", responde a namorada. Em outra cena, Ted vai trabalhar num supermercado e assusta os clientes com seus modos grosseiros.

"Ted" parece ter sido inspirado no personagem Triumph, um boneco de um cão que aparece de vez em quando na TV americana insultando pessoas e que é, de fato, muito engraçado.

Só que as aparições de Triumph são curtas. Aturar um longa inteiro com ele seria um pouco demais. Esse é o problema de "Ted": é um samba de uma nota só.

TED

DIREÇÃO Seth MacFarlane
PRODUÇÃO EUA, 2012
ONDE Anália Franco UCI, Eldorado Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO regular

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