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Mostra contrapõe garotos do Rio a imagens de Mark Morrisroe

DO ENVIADO AO RIO

De frente para as imagens de Alair Gomes no terceiro andar da Bienal de São Paulo estão séries do norte-americano Mark Morrisroe.

Outro artista, mesma obsessão. Embora seja reducionista dizer que Morrisroe se ocupou também do corpo masculino de forma obsessiva, é fato que o fotógrafo fez de sua obra um registro dos hábitos homossexuais da última geração do século 20.

Enquanto Gomes focava o corpo em estado de graça, homens saudáveis se exercitando na praia, Morrisroe -um dos precursores do estilo intimista que marcou a chamada escola de Boston, movimento do qual também saiu Nan Goldin- focava o corpo atingido pelas drogas e pelas doenças no auge da Aids.

Ex-garoto de programa, Morrisroe se autorretratou e também construiu um poderoso registro do submundo da prostituição masculina e dos estragos da epidemia do HIV sobre toda uma geração.

Na Bienal, fica nítido esse contraponto entre a volúpia dos meninos da praia e garotos que definham nas imagens de Morrisroe. Ele mesmo aparece em retratos no auge da juventude, em plena forma, e depois, meses antes de morrer, só pele e ossos.

"Tem muito de autobiográfico, ele marcou o estilo da época", diz Luis Pérez-Oramas, curador da Bienal. "É um olhar intimista e, ao mesmo tempo, constrói a representação de uma geração inteira. Ele era um cara livre, viveu de forma radical e criou uma obra de necessidade absoluta, de extremos que se condensam."

Nas constelações, como Pérez-Oramas chama os grupos de artistas desta edição da mostra, Morrisroe surge como mais uma dessas estrelas apagadas pela história.

Artistas de sua geração e de seu entorno, como Goldin, alcançaram projeção sustentada e continuam produzindo obras de cunho pessoal. Morrisroe, morto aos 30 anos, não teve a mesma sorte.

Sua obra, no entanto, toma outras feições. Não é o registro plástico, quase perfeito, dos corpos de Gomes.

Morrisroe retoma a estética pictórica, dos primórdios da fotografia, e mergulha seus modelos e personagens em claro-escuros turbulentos, tão violentos e marcados quanto a vida que viveu.

(SM)

30ª BIENAL DE SÃO PAULO
QUANDO ter., qui., sáb. e dom., das 9h às 19h; qua. e sex., das 9h às 22h; até 9/12
ONDE pavilhão da Bienal (pq. Ibirapuera, portão 3, bienal.org.br)
QUANTO grátis

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