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Folhateen

Enfim, sós

Em entrevista, Mauricio de Sousa fala do casamento de Mônica e Cebola e de projetos para os personagens

RODRIGO LEVINO
EDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”

Imagine passar a infância aos trancos e barrancos com um amigo que enche a sua paciência (e você sempre revida usando um coelho de pelúcia) e, na adolescência, se descobrir apaixonada por ele.

Tem mais: a paixão, até então disfarçada, se transformar num casamentão.

Foi o que aconteceu com Mônica e Cebolinha (agora Cebola), personagens do quadrinista Mauricio de Sousa, 76, nesse fim de semana, quando chegou às bancas a 50º edição da versão adolescente da HQ.

"Sou um pai levando a filha ao altar, sabe? Desejando tudo de bom, mas com aquela pontinha de angústia. Vai ser difícil superar", disse Sousa, rindo, ao "Folhateen".

Apesar do cuidado de "pai", para ele, "o casamento do século" foi o curso natural diante do rumo que a história tomou em maio de 2011, quando os dois trocaram o primeiro beijo.

A curiosidade dos leitores na época foi tão grande que a revista atingiu um recorde de vendas que ainda se mantém: 600 mil exemplares.

O envolvimento dos dois, no entanto, não agradou a todos. "Teve gente que me escreveu dizendo que eu tinha matado a infância dos leitores", conta Sousa.

A temperatura dessas respostas apaixonadas, em cartas, e-mails, blogs e redes sociais, ele mede com a ajuda de uma equipe de redatores e psicólogos.

Juntando tudo, se forma mais ou menos o retrato do que o público espera do enredo. No caso do amor entre a ex-dentuça e o garoto que trocava "erres" por "eles", a maioria aprovou.

Daí para o altar, foi um pulo. Quer dizer, 16 edições.

"Mais uma vez será o público que definirá o que deve acontecer a partir de agora", garante ele.

Indagado se o casamento não seria uma solução conservadora, numa época em que adolescentes preferem "ficar" a ter relacionamentos sérios, Sousa fala da sintonia com seus leitores.

"A maioria deles é conservadora, gosta de saber o que vai acontecer. Parece novela, que a gente sabe como termina, mas continua vendo."

FOLHETIM

E é como uma novelinha que o autor vê o futuro dos suas principais criações.

"Minha ideia é criar um novo folhetim em que os personagens cresçam junto com o leitor", conta.

A meta do novo projeto é atingir leitores no começo da vida adulta.

Adequações às questões dessa fase como trabalho, faculdade e relacionamentos serão o mote das tramas.

Evolução que ele tem realizado aos poucos, desde o começo da versão adolescente do quadrinho.

Cebolinha virou Cebola, e, com ajuda da fonoaudiologia, agora só troca "erres" por "eles" quando está nervoso -o que não é raro.

Sansão, o coelhinho azul de Mônica, já não resolve as diferenças entre os dois. O diálogo é que freia o ciúme.

A edição comemorativa que está nas bancas capricha nas reviravoltas. Até que o casamento aconteça, haja briga, reconciliação e muito trabalho com os preparativos da festa. sempre com a ajuda dos amigos (Cascão, Magali etc.).

Com humor, Sousa soltou nos diálogos referências à infância do casal e a episódios de quando não sabiam o tanto de amor que sentiam um pelo outro.

Enquanto a vida dos dois se desenrola na versão crescidinha da revista, a infantil segue a mil.

Atualmente, as revistinhas da "Turma da Mônica" são vendidas em 44 países, traduzidas para 15 idiomas.

"Ano que vem, a personagem (Mônica) completa 50 anos de sua criação e estamos preparando uma festa de arromba", diz o autor.

É de esperar coisa grande. Só a edição com o casamento tem 132 páginas.

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