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White Cube busca em SP 'porta para o sul'

Segunda maior galeria de arte do mundo abre as portas em dezembro na capital com mostra de Tracey Emin

Diretor Tim Marlow adianta que instituição deve levar brasileiros a seus endereços em Hong Kong e Londres

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Num mundo da arte "pós-colonial e fluido", como define Tim Marlow, já passou da hora de uma galeria do primeiro time das casas globais fincar pé em São Paulo.

Diretor da britânica White Cube, a segunda maior galeria de arte do mundo, Marlow anunciou na semana passada que a casa vai abrir um novo espaço na capital paulista em dezembro deste ano.

Operando em três endereços em Londres e também em Hong Kong, a White Cube escolheu São Paulo, lugar "vibrante" e "maravilhoso", nas palavras de Marlow, para abrir sua segunda sede fora do Reino Unido, descartando uma expansão na Europa ou mesmo nos Estados Unidos.

"Já temos uma porta de entrada para a Ásia em Hong Kong e queremos uma porta também para o sul", diz Marlow. "Mas São Paulo não será só isso, tem grandes artistas e uma base sólida de colecionadores. Nosso interesse definitivo é o Brasil."

Em São Paulo, a White Cube vai ocupar um galpão na Vila Mariana, fora do circuito das galerias paulistanas que povoam Jardins, Vila Madalena e Barra Funda. É o mesmo espaço usado pela galeria na mostra do escultor Antony Gormley, que a casa armou em paralelo à retrospectiva do artista no Centro Cultural Banco do Brasil.

Foi em maio, quando começou a mostra no CCBB e também a feira SP-Arte, que a White Cube decidiu alugar o espaço e abrir um entreposto paulistano. "É um prédio com muita luz e fica perto do parque e da Bienal", diz Marlow. "Nossos artistas adoraram a ideia de expor nesse lugar, então ficamos com ele."

Entre os artistas representados pela galeria estão algumas estrelas da arte contemporânea global, como Damien Hirst, Chris Marclay e a dupla Gilbert & George, que fez uma performance na Casa de Vidro no mês passado.

Tracey Emin, artista conhecida por suas instalações em néon e obras de teor feminista e autobiográfico, foi escolhida para inaugurar o espaço com uma mostra de obras inéditas, pensadas para ocupar a sede paulistana.

MILHARES DE LIBRAS

São peças que valem centenas de milhares de libras, o que representa um desafio para a White Cube na hora de vender no Brasil. Obras importadas para o país estão sujeitas a impostos que estão entre os mais altos do mundo, chegando a aumentar o preço da peça em até 50%.

"Se dependêssemos das vendas no Brasil, seríamos loucos", diz Marlow. "Nosso objetivo não é vender no Brasil e sim construir uma reputação e gerar interesse. Sabemos do sistema tributário do país, que dificulta muito os nossos negócios, mas não vamos agora ao Brasil apostando que as regras vão mudar."

Marlow diz ainda que muitos colecionadores brasileiros compram obras de seus artistas fora do país e mantêm coleções na Europa ou nos Estados Unidos, onde os impostos são menores.

"Nossas exposições nem sempre são viáveis do ponto de vista comercial", diz Marlow. "Seremos pioneiros no Brasil com grandes exposições, mas sabemos que o mercado de arte é global."

Tanto que a White Cube também planeja representar brasileiros em seus espaços de Hong Kong e Londres. Enquanto o espaço paulistano servirá de vitrine para o time internacional da galeria, brasileiros poderão ganhar novos mercados pelas mãos da casa britânica.

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