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Crítica coletânea

Livro traz paixão de autor de 'O Pequeno Príncipe' por desenho

Volume desvenda esboços, retratos e ilustrações do escritor Saint-Exupéry

É quase impossível dissociar 'O Pequeno Príncipe' das delicadas ilustrações feitas para o livro

ALCINO LEITE NETO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O escritor Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944) foi um apaixonado desenhista. Desde criança, preencheu folhas e mais folhas de cadernos, cadernetas, cartas e manuscritos de suas obras literárias com retratos, paisagens e ilustrações de todo tipo.

"Rascunhos de Uma Vida" é uma valiosa coletânea de seus "desenhos, aquarelas e anotações", como diz o subtítulo do livro lançado agora no Brasil, com prefácio do cineasta Hayao Miyazaki ("A Viagem de Chihiro").

A edição com vários inéditos reúne, na primeira parte, os desenhos feitos quando criança pelo escritor, nascido em 1900, filho de aristocratas franceses, e ele próprio herdeiro de um título de conde.
Os esboços não indicam nenhum talento excepcional: são apenas brincadeiras sensíveis de um menino bem educado.

Com o passar do tempo, no entanto, o desenho se torna uma obsessão para o jovem Saint-Exupéry. "Descobri para o que fui feito: o lápis Conté de carvão", ele escreve à sua mãe aos 21 anos, em Casablanca (Marrocos), onde servia num regimento de aviação e fez uma série de retratos de seus companheiros. É o seu conjunto de desenhos mais coeso e ambicioso.

Depois disso, a carreira de aviador e a literatura passam a ocupar prioritariamente o interesse de Saint-Exupéry. Em 1926, ele publicou o seu primeiro trabalho literário de fôlego, "O Aviador", e, três anos depois, "Correio Sul".

O desenho deixou, então, de ser o desaguadouro principal de sua sensibilidade, mas permaneceu como atividade constante para o escritor, que continuou a fazer retratos de amigos e caricaturas, e a preencher com personagens suas cadernetas e margens de seus manuscritos.

Uma dessas figuras era o Pequeno Príncipe, cuja gênese visual é possível acompanhar nos esboços reunidos em "Retratos de uma Vida".

Antes de se tornar um personagem literário, ele foi uma obsessão da pena de desenhista de Saint-Exupéry.

Foi na feitura de "O Pequeno Príncipe" que o escritor retomou com mais afinco o desenho, realizando as aquarelas dessa obra publicada pela primeira vez em 1943, nos Estados Unidos, um ano antes de sua morte num misterioso acidente aéreo.

É quase impossível dissociar a narrativa de "O Pequeno Príncipe" das delicadas ilustrações feitas para o livro, que começa, justamente, com um pedido do menino ao aviador: "Desenhe para mim um carneiro".

"Rascunhos de uma vida" permite descobrir como a obra mais célebre do escritor, apesar da forte banalização que hoje a afeta, resultou de um longo trabalho (de toda uma vida, a bem da verdade) para conciliar duas paixões de Saint-Exupéry: a literatura e o desenho.

RASCUNHOS DE UMA VIDA
AUTOR Antoine de Saint-Exupéry
TRADUÇÃO Diogo de Barros
EDITORA Tordesilhas
QUANTO R$ 89,90 (328 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo

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