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Em nova fase, Feist faz dois shows em SP

Cantora canadense apresenta na cidade 'Metals', disco que se antepõe ao sucesso que teve com hit '1234', de 2007

Artista ficou dois anos sem tocar ou compor após "sombra" trazida pela música que a tirou do circuito indie

IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO

Conte até quatro. Mas não perto da cantora Feist.

Alçada ao sucesso em 2007, quando a canção "1234" -uma gema pop delicada e inocente- foi a trilha de um comercial de iPod, Leslie Feist, 36, viu a carreira, até então restrita ao circuito indie, sair de suas rédeas e ganhou status de pop star -algo com que ela não soube lidar.

Após sumir por quase dois anos, período em que ficou sem tocar ou escrever, ressurgiu em 2011 com "Metals", disco com pegada menos pop que ela apresenta em São Paulo nos dias 22 e 23 de outubro, no Popload Gig Residências, que acontece no Cine Joia.

"São duas pessoas completamente diferentes", diz Feist à Folha sobre a cantora de 2007 e a de agora. "Elas não compartilham nenhum DNA."

No período longe dos holofotes, viajou para França, México e Egito. Cuidou de sua horta, curtiu casa, família e amigos. Ela estava exausta após sete anos na estrada.

"Estou muito mais calma agora, numa onda boa. Tenho uma banda que eu amo e admiro. É uma turnê melhor para todo mundo", conta.

Não que ela renegue sua canção mais famosa, só lamenta que o sucesso tenha descontextualizado o disco "The Reminder", criando uma sombra sobre o trabalho.

"Metals", então, acaba sendo uma ruptura de uma artista que não faz concessões em sua música.

Um dia a canadense pegou o violão que estava encostado há mais de um ano e começou a escrever e compor.

Depois, chamou os amigos de longa data Mocky e Gonzales para o estúdio em Paris e saiu com o disco que desafia o que "The Reminder" representou em sua trajetória.

"É um álbum maior e mais alto. Tem muito mais movimento e violência", diz. "Quando comparo os dois discos, parece que 'Reminder' cresceu sem alma."

Sem músicas de forte apelo pop, Feist canta e toca sobre amor, morte e amizade. É, enfim, o que ela sempre fez: música com sentimento.

"Construí mensagens que, espero, alcancem as pessoas. Coisas que eu acredito serem verdadeiras, não verdades."

De porradas sonoras como "The Bad in Each Other", que abre o disco, a delicadezas como "How Come You Never Go There", "Metals" é um passeio pelo o que a cantora chama de "moderno-antigo" -mix de jazz, folk, rock e pop.

Outra característica marcante de Feist é o uso de metáforas da natureza em canções. Estão sempre lá os rios, as montanhas e os parques.

"As emoções que tomam conta do seu corpo são enormes. Você pode estar completamente tomado de raiva ou de amor que seu corpo parece um raio, um vulcão ou até mesmo o oceano", compara.

Segundo Feist, fazer música, então, acaba sendo uma forma de compartilhar o que ela encontra pelo caminho. Caminho este que pode ser muito solitário.

"Sei o quanto de mim está nas canções, de minha tentativa de me entender. Tem a ver com o meu jeito de escrever, um processo solitário."

LONGA ESTRADA

Feist chega ao Brasil cinco anos após um show que não aconteceu. Ela estava escalada para o TIM Festival de 2007, mas cancelou a vinda ao país em cima da hora porque estava doente -foi substituída pela cantora Cat Power.

"Sempre quis conhecer o país", conta. "Espero que dê tempo de passear e que pessoas legais nos mostrem os melhores lugares."

A empolgação tem tudo a ver com a nova fase da cantora, que surgiu como pupila da "performer" Peaches, participou de bandas punk, é parte do coletivo Broken Social Scene e está no quarto disco solo da carreira.

"Gosto da vida na estrada, de tocar com meus amigos", conta. "Mas, como diz minha avó, 'tudo com moderação'."

FEIST

QUANDO 22/10 e 23/10, às 22h
ONDE Cine Joia (pça. Carlos Gomes, 82, tel. 0/xx/11/3101-1305)
QUANTO R$ 240
CLASSIFICAÇÃO 18 anos

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