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Para diretora, morador tenta melhorar cidade

ISABELLE MOREIRA LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE CHICAGO

Heidi Ewing, codiretora de "Detropia", cresceu nos arredores de Detroit e, apesar da relação distante com a cidade, tem orgulho em dizer que sua avó era uma "detroiter" de verdade, resistiu e lá viveu até o fim da vida.

Para realizar o documentário, a diretora morou por um ano e meio na cidade.

Folha - Como surgiu a ideia de fazer esse filme?
Heidi Ewing - Eu sou da área de Detroit. Meu pai tinha uma fábrica na região. As coisas na cidade começaram a decair há anos. E isso foi muito pesado para todos que moravam ali. Eu e Rachel [Grady, codiretora] começamos a falar sobre o projeto e, em outubro de 2009, nos mudamos para a cidade e começamos o filme. O que vimos lá nos deixou muito intrigadas.

De que modo?
Morei lá por um ano e meio. Foi a primeira vez que morei no centro da cidade, antes eu morava nos subúrbios. Foi uma experiência muito triste, intensa e empolgante. Muitas pessoas que tinham condições de deixar a cidade resolveram ficar. Conhecemos gente dedicada, apaixonada por Detroit. Gente que estava tentando melhorar a cidade.

Alguma história significativa ficou fora de "Detropia"?
Fazer um filme sobre uma cidade é sempre uma missão difícil. Tinha a história de um cara tentando formar uma banda de blues que teve muitos problemas com gangues. A história era um bom exemplo da violência da cidade, mas tivemos que cortá-la porque algo tinha que ficar de fora. Optamos por focar nas questões mais abrangentes, de relevância nacional e internacional.

Você parece ter se preocupado em deixar a política de lado. Há como falar de uma cidade em crise sem política?
Sinto que tanto democratas quanto republicanos são responsáveis pelo que aconteceu à cidade e à indústria americana. Seria errado escolher e citar uma pessoa como único responsável. O declínio de Detroit acontece já há muito tempo.

O que acha do fluxo de artistas para a cidade? Eles podem mudar o perfil de Detroit?
Acredito que eles possam ajudar. Qualquer atenção à cidade é boa. Mas há muitas outras questões, como o tempo que eles permanecerão ali. O governo vai fazer algo sobre a violência? E as escolas? É uma questão mais complexa.

Qual é o futuro de Detroit?
Espero que a cidade encontre um jeito de sair dessa crise, mesmo com as decisões difíceis que terá de tomar, como o processo de encolhimento. Espero que consiga trazer novas companhias que não tenham a ver com a indústria automobilística, mas companhias empreendedoras, tecnológicas. Isso é crucial.

A decadência de Detroit foi assunto de artistas interessados na estética da pobreza. Preocupou-se em evitar isso?
Nós pensamos sobre como evitar os clichês. É muito fácil cair neles. Sempre que mostramos um lugar, é o personagem que nos guia. Tentamos mostrar que há pessoas morando na cidade, que o passado e o futuro estão colidindo.

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