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Entrevista - Teixeira Coelho Poder público não consegue perceber grandeza do Masp CURADOR DIZ QUE MUSEU ESTÁ ABANDONADO PELO EXECUTIVO FEDERAL; GOVERNO DO ESTADO ESTUDA AGORA PARCERIA COM A INSTITUIÇÃO FABIO CYPRIANOCRÍTICO DA FOLHA O Museu de Arte de São Paulo (Masp) está abandonado pelos poderes públicos, especialmente o federal, afirma Teixeira Coelho, curador da instituição. "Não há no poder público uma disposição para perceber a grandeza do Masp", diz ele. Com o mais importante acervo do hemisfério sul, o museu saiu da crise institucional, que culminou com o corte de eletricidade, em 2006, mas não tem fôlego para implementar exposições de artistas brasileiros contemporâneos que considera fundamentais. Com a bilheteria e o apoio de R$ 1,2 milhão do governo municipal, o Masp obtém verba para se manter apenas por quatro dos 12 meses do ano -seu orçamento é de R$ 12 milhões. Os outros oito meses do ano dependem de doações e patrocínios. Isso, para Coelho, representa a falta de política dos governos para instituições culturais. Ele crítica também que, a dois anos da Copa, o governo federal não tenha dado início a um projeto cultural, nos moldes do que Londres organizou durante a Olimpíada. "O Masp continua blindado. Como seu acervo é tombado, nós pedimos assento em seu conselho, junto com os governos estadual e municipal, mas eles não respondem. É preciso abrir sua administração e não ficar apenas pedindo dinheiro", disse à Folha José do Nascimento Júnior, diretor do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), vinculado ao Ministério da Cultura. Quanto à Copa, Nascimento Júnior diz que o governo elaborou um projeto de R$ 250 milhões, mas está buscando verba. "A ministra Marta Suplicy encontrou-se com o ministro do Esporte [Aldo Rebelo] nessa semana para tratar disso." Em suas críticas aos governos, Teixeira Coelho poupa Marcelo Araujo, o secretário de Cultura do Estado de São Paulo: "Tenho boas expectativas sobre sua gestão. Ele é uma pessoa da área, que sabe o que é necessário". Araujo concorda que o Estado precisa dar apoio ao Masp. "Estamos realizando um processo de aproximação com o Masp para compor parcerias", afirma o secretário. Para Coelho, parte das dificuldades enfrentadas pelo museu tem a ver com o preconceito em relação ao centralismo da gestão Júlio Neves (1994-2008), que extinguiu a figura do curador. "Existe uma coisa chamada hábito cultural, que faz com que não se mude o modo de pensar uma coisa", diz. Leia abaixo trechos da entrevista que o curador concedeu à Folha. -
Folha - Estamos a dois anos de um megaevento na cidade, que é a Copa do Mundo. Em Londres, por conta da Olimpíada, a Tate inaugurou uma nova ala. O Masp pretende fazer algo?
O Masp não foi procurado?
Então não existe uma política federal para as instituições culturais?
Mas e os editais que eles promovem?
O atual governo tem priorizado o apoio a projetos do Norte e Nordeste. Você concorda com essa política?
Quanto o Masp consegue de bilheteria?
O que isso representa de fato?
Com as questões do passado recente do museu, como a centralização do ex-presidente Júlio Neves, você acha que o Masp sofre preconceito?
Mas, se a elite intelectual ainda descrê do Masp, a população o torna ainda um dos museus mais visitados. É meio esquizofrênico, não? |
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