Personagens retratam agruras da gravidez e da maternidade

Vômitos, sobrepeso, sexo e hemorróidas.

Esses são alguns dos tópicos discutidos pelas quatro mulheres da peça "Mães Iradas", um compêndio cômico sobre maternidade e gravidez dirigido por Alexandre Reinecke, que tem estreia para convidados hoje no Teatro da Livraria da Vila do shopping JK Iguatemi.

Escrito pelas atrizes (e mães) americanas Lisa Rafferty, Stefanie Cloutier e Sheila Eppolito, o texto busca comicidade na dessacralização do tema. Com alguns raros momentos de ternura, suas personagens costuram em cena depoimentos mais afeitos à atmosfera de pesadelo do que de sonho. "A comédia é a tragédia alheia", diz Reinecke, que chega a sua quarta direção do ano.

Em uma espécie de sala cheia de cadeiras e poltronas -uma delas feita de tijolinhos de Lego-, as personagens de "Mães Iradas" buscam cumplicidade com a plateia especialmente nos momentos em que expõem fracassos e fragilidades. Muitas vezes, o diálogo é travado diretamente com o público, sem quarta parede.

Há, entre os depoimentos, aquele que desmitifica o apetite sexual das grávidas: "Não é que o sexo seja ruim, mas a sensação é a de estar indo ao mecânico para uma revisão. É sexo por caridade, coitado do meu marido", expõe uma das personagens.

E há inclusive momentos de repúdio à convivência com crianças. Em uma das histórias, uma mãe chora de felicidade quando fica sozinha em seu quarto, livre dos filhos, que ficaram na creche.

Interpretadas por Cynthia Falabella, Ester Laccava, Iara Jamra e Luciana Carnieli, as quatro personagens da peça buscam aproximação com o público feminino. "As mulheres são mais disponíveis, e geralmente são elas que carregam seus maridos ao teatro", diz Reinecke.

O diretor está iniciando os ensaios do quinto trabalho do ano, uma montagem de "O Terraço", de Jean-Claude Carrière, que terá Marat Descartes e Ilana Kaplan no elenco.