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Opinião

Rodrigo Gurgel, o jurado "C", pagou o pato das gambiarras do regulamento

PAULO WERNECK
EDITOR DA “ILUSTRÍSSIMA”

Ao anunciar os vencedores, há dez dias, o curador do Jabuti, José Luiz Goldfarb, se disse "chocado e desnorteado" com os votos do jurado "C", que levaram o prêmio da Câmara Brasileira do Livro a um resultado inesperado -o que, em tese, até seria bom para um prêmio relevante.

Sem poder demonizar o jurado "C", que agiu dentro das regras, o curador engoliu o sapo mas deu a deixa para que o jurado fosse demonizado. Como pode o curador de um prêmio se "chocar" com um comportamento previsto no regulamento?

Sob o risco de melar de vez o Jabuti, só lhe restava tapar o nariz e acolher os votos de Gurgel. Fazer dele um "Pedro de Lara" literário, como foi dito no Twitter, soa como tentativa de desviar o foco das críticas (e desmerece o vencedor).

Rodrigo Gurgel, o controverso jurado "C", vem pagando o pato das misérias do Jabuti. Jurado nas últimas quatro edições, ele se orientou, ao que parece, por suas legítimas convicções críticas -sejam elas quais forem-, ainda que, na segunda fase, tenha implodido notas que dera ao livro de Wilson Bueno.

Parece ser Goldfarb, há 22 anos no comando do Jabuti, o curador das gambiarras do regulamento, esgarçando ano após ano a credibilidade do frágil quelônio.

A CBL age como um PMDB editorial: acomoda interesses inconciliáveis e promove reformas cosméticas para que tudo siga como antes. Em resposta às críticas, soltou nota que ressalta a "pujança do setor editorial com obras de qualidade inquestionável".

As inconsistências do regulamento vão do ridículo (a categoria romance se chama "melhor livro 'de' romance -alô, "Sabrina"!) ao surreal.

Basta ler o item que dispõe sobre os jurados: eles "não poderão ter vínculos com editoras nem livros inscritos em qualquer categoria".

Como compor um júri tão restritivo sem os intelectuais que publicam livros e participam da vida editorial do país? Veremos em 28/11, quando o júri será divulgado.

Enquanto isso, o mercado se moderniza rápido, com a vinda de "players" globais (conglomerados editoriais e, especula-se, a Amazon), dança das cadeiras nos cargos executivos de editoras e a homenagem ao Brasil na Feira de Frankfurt de 2013.

Imagina em Frankfurt!

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