Filme mostra França pós-Maio de 68

Quando Marlon Brando colocou um bebê na nave de cristal e o planeta Krypton explodiu, em uma das cenas mais conhecidas de "Superman" (1978), um jovem francês observou tudo com espanto.

Olivier Assayas era estagiário no estúdio inglês Pinewood, onde o filme de Richard Donner foi rodado.

Mas chegar até ali não foi fácil. Tanto que virou o filme "Après Mai" (depois de maio), prêmio de melhor roteiro no último Festival de Veneza e um dos destaques de hoje na Mostra de São Paulo.

"Eu queria dar uma visão mais íntima dos anos 70", conta Assayas, que dirigiu e escreveu o drama sobre um grupo de estudantes na França no fim de 1969 e seu dilema entre seguir os amigos politizados ou a paixão pelos filmes.

"Quando eu era menor, queria entrar para o mundo do cinema. Os filmes B possuem charme, mas também tive a oportunidade de ver Brando naquele traje esquisito de 'Superman'."

Em "Après Mai", o francês reutiliza o alter ego de Gilles (Clément Métayer) para falar sobre sua juventude -o personagem também é o centro de seu "Água Fria", de 1994.

"Eu andava frustrado desde que terminei 'Água Fria', que é sobre a mesma época, mas é mais poético e abstrato", revela o cineasta.

"Queria completar com coisas que foram fundamentais para mim, como a música e a descoberta do amor."

Uma das reviravoltas no filme é causada por um incidente com o segurança da escola onde o grupo estuda. Por causa disso, Gilles parte com os amigos pela Europa dos hippies e do sexo livre.

E assim tem o primeiro encontro com os radicais do cinema, que diziam: "ficção é coisa da burguesia".

"Os excessos políticos, místicos e artísticos dos anos 70 eram meio ridículos", afirma Assayas. "Mas éramos todos inocentes." (Rodrigo Salem)

APRÈS MAI

QUANDO Hoje, às 19h

ONDE Cinemark Shopping Eldorado 7 (av. Rebouças, 3.970, Pinheiros; tel.: 0/xx/11 2197 7470)

CLASSIFICAÇÃO 16 anos