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Band estreia canal cultural em TV paga
Arte 1 esperou dois anos pela nova legislação e conseguiu espaço nos pacotes básicos por ter conteúdo nacional
Dirigido por Rogério Gallo, canal negocia parcerias com Bienal, Flip e pretende criar um prêmio de artes
A nerd da festa, a menina bonitinha e estranha que talvez ninguém tirasse para dançar, virou a noivinha com quem todos querem casar. É assim que o diretor Rogério Gallo define a sua nova empreitada audiovisual: o canal de artes e cultura Arte 1, do Grupo Bandeirantes.
No ar na TV paga em caráter experimental desde novembro, o Arte 1 estreará em definitivo em fevereiro de 2013, com programação de 24 horas por dia.
O canal só saiu do papel dois anos após a Band começar a concebê-lo. Foi muito assediado na fase inicial por operadoras de TV paga, todas dispostas a acolher a proposta de programação voltada para a cultura. Nenhuma delas, no entanto, acenava com espaço definitivo na grade, até a nova lei da TV paga ser aprovada, em agosto de 2011.
Mas Gallo tinha motivos para atrasar o "parto". Em agosto deste ano, antes mesmo de ir ao ar, o canal foi classificado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) como "de espaço qualificado".
Pela nova lei, os canais que recebem esse selo praticamente se tornam obrigatórios nos pacotes das operadoras.
A cada seis canais estrangeiros (como Fox e Disney), os pacotes de TV por assinatura devem disponibilizar agora um canal brasileiro que exiba em horário nobre pelo menos três horas de conteúdo totalmente nacional. É aí que entra o Arte 1.
Com a chancela, o canal deixou a fila de espera e voltou a ser desejado pelas operadoras. Tanto que já entrou no ar como degustação na Sky e está fechando acordos com Claro, NeoTV, GVT e Net.
"Esse foi o nosso pulo do gato. Nasceremos com 50% de produção nacional, o que não era nosso objetivo inicial", diz Gallo.
"Essa qualificação nos ajudou muito. Se ficássemos nos pacotes 'premium' das operadoras teríamos 200 mil assinantes", continua. "Por causa da lei estamos nos pacotes básicos e decolamos com 5 milhões de assinantes."
CIUMEIRA
Tamanha projeção para um canal embrionário causou estranheza no mercado. Não foi pequena a chiadeira por parte de outros canais, que, mesmo estando no ar há anos, não conseguiram a classificação da Ancine.
"Não tivemos nenhum tipo de benefício. Não apresentei um pedaço de papel na Ancine. Eu tinha um projeto pronto e os 70 anos de tradição da Band como estofo", conta o diretor, enquanto abre o tablet para mostrar os vídeos do Arte 1.
Lá estão óperas, exposições, produções da rede britânica BBC, shows e clássicos do cinema, como filmes de Federico Fellini, Alfred Hitchcock e Ingmar Bergman.
Gallo também comprou parte do acervo de longas e curtas-metragens nacionais da Videofilmes e está negociando material da Cinemateca Brasileira, como obras de Luiz Sérgio Person e Glauber Rocha.
Com uma equipe de 30 pessoas, o Arte 1 ocupa espaço físico na sede da Band, no Morumbi, na zona sul de São Paulo, mas terá a Pinacoteca do Estado como cenário de sua principal atração, a revista eletrônica "Arte 1 em Movimento", a ponta de uma grade de programas nacionais sobre cinema e design.
PATROCINADORES
Buscando grandes patrocinadores para o seu filhote, que ele chama de "fundadores do Arte 1", Gallo já negocia parcerias para se tornar o canal da Bienal de São Paulo, da Festa Literária Internacional de Paraty e do Festival de Cinema de Gramado.
Pretende também, mais adiante, criar um prêmio para o mundo das artes, o Prêmio Arte 1.
"Não vou cobrir o show da Ivete Sangalo, mas, se ela contratar um designer para fazer o cenário, posso falar sobre isso", diz o diretor, que tem como meta tornar o canal acessível para a massa.
"O público não quer saber de cota na TV paga, nem sabe o que é a lei. Quem paga R$ 200 por mês quer conteúdo de qualidade e é só isso que nos manterá no ar."
