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Tatuagem vira símbolo de exploração em trabalhos

Obras polêmicas incluem desenhos na pele de prostitutas e de animais

Artista espanhol paga viciados para tatuar uma linha em suas costas e belga cria e vende porcos tatuados

Fotos Divulgação
SANTIAGO SIERRANuma série de performances em Havana (Cuba) e Salamanca (Espanha), o artista espanhol pagou US$ 30 ou uma dose de heroína a desempregados e prostitutas para que deixassem tatuar uma linha contínua em suas costas
SANTIAGO SIERRANuma série de performances em Havana (Cuba) e Salamanca (Espanha), o artista espanhol pagou US$ 30 ou uma dose de heroína a desempregados e prostitutas para que deixassem tatuar uma linha contínua em suas costas

DE SÃO PAULO

Enquanto jovens artistas encontram agora na tatuagem um suporte vivo para obras de caráter mais lúdico e menos ácido, marcas sobre a pele já causaram muita polêmica no meio artístico.
No fim dos anos 90, o espanhol Santiago Sierra fez uma série de performances em que pagou desempregados e prostitutas US$ 30, ou o equivalente ao valor de uma dose de heroína, para que deixassem tatuar nas costas uma linha preta contínua.
Em vez de um desenho, Sierra gravou na pele de voluntários remunerados a marca de uma violação, denunciando a condição de explorados pelo sistema da arte.
Na mesma pegada, o artista carioca Ducha pagou os
R$ 1.500 que recebeu do programa Rumos, seleção de jovens artistas do Itaú Cultural, a um caseiro para que raspasse a cabeça e tatuasse atrás dela a logomarca do banco.
"Decidi fazer com alguém a mesma coisa que o Itaú fazia comigo", conta Ducha. "Queria que essa exploração fosse vivenciada e que eu fosse o agente da exploração."
Wim Delvoye também pensou na ideia de marca como símbolo de valor e exploração quando decidiu tatuar porcos vivos com o brasão da grife de luxo Louis Vuitton.
Depois de criar desenhos sobre couro de porco, o artista belga passou a usar os bichos ainda vivos e teve a obra declarada ilegal na Bélgica por maus tratos aos animais. Ele então se mudou para a China onde tem uma fazenda para continuar o trabalho.
Suas composições sobre pele vêm acompanhadas de sua assinatura, como se fossem produtos em série que valorizariam na medida em que os porcos engordassem.
"Faço uma arte invendável, que cresce e chama a atenção de uma forma irônica", resumiu Delvoye em entrevista a uma revista canadense. "É o mesmo princípio do mercado de capitais, que também opera com juros e suas margens de lucro."

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