São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010

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Sérgio Machado: "Edney Silvestre foi garfado"

NA QUINTA-FEIRA, o presidente do Grupo Record, Sérgio Machado, enviou carta à presidente da CBL, Rosely Boschini, e ao curador do Jabuti, José Luiz Goldfarb, anunciando que em 2011 não inscreverá livros no prêmio.
O motivo: sua discordância com os critérios da disputa, que premiou como livro do ano de ficção o segundo colocado na categoria romance, "Leite Derramado" (Cia. das Letras), de Chico Buarque, em detrimento do vencedor na categoria, "Se Eu Fechar os Olhos Agora" (Record), de Edney Silvestre.
Machado recebeu o editor da Ilustríssima, Paulo Werneck, na sede da Record, no bairro carioca de São Cristóvão. Entre a indignação com o Jabuti ("um concurso de beleza") e a empolgação com a rotativa Cameron que acaba de comprar, Machado e a diretora editorial do grupo, Luciana Vilas Boas, falaram à Folha, tendo por testemunha a assessora de imprensa Gabriela Máximo e 30 das muitas estatuetas do Jabuti já conquistadas pelo grupo.

Folha - Por que a Record não vai mais inscrever livros no Jabuti? Sérgio Machado - O meu protesto não é contra quem ganhou, é contra o processo, contra o conceito, a concepção do prêmio. Nesse prêmio o livro é inscrito pelas editoras, que pagam por inscrição. Quando eu inscrevo e pago, estou aceitando as regras. E se eu não estou feliz com as regras, o que é que eu posso fazer? Não inscrever. É só isso que eu fiz.

A que você atribui a premiação a "Leite Derramado"?
A concepção do prêmio favorece essa característica de celebridade. Se eu amanhã publicar um livro infantil da Xuxa, é capaz que eu ganhe o infantojuvenil. Esse prêmio, do jeito que está sendo disputado, poderia ser feito na plateia do Faustão. Ou do Silvio Santos. Porque não tem absolutamente nenhum critério.

Soa como um "tapetão"?
Não. Soa uma coisa mal pensada. Você tem que ser orientado. Tem que haver uma lista. Agora essa lista chega e diz assim: o melhor é esse, o segundo é esse, o terceiro é esse. Se essa lista não ranqueasse, se fosse um "short list" [lista de finalistas] como o Booker Prize, não haveria esse mico do segundo ganhar [o prêmio de "livro do ano"], o terceiro ganhar, o que é uma coisa esquisita.

Existe uma intenção de reafirmar um consenso nacional em torno do Chico Buarque?
Acho que isso é uma obviedade. Não acho que houve por parte da CBL, mas de certa forma acaba sendo, quer dizer, fica combinado assim, quando o Chico Buarque tiver um livro, ele já ganhou.

Edney foi roubado?
Roubado, "garfado". É uma coisa desagradável, porque a sua defesa pode ser sempre: ah, está com dor de cotovelo... mau perdedor... Mas nós entendemos que o autor é a razão de ser da editora.

E se a CBL propuser um novo regulamento?
Claro, vamos estudar, vamos ver, vamos experimentar, claro. A ideia é essa. (Leia a íntegra em folha.com/ilustrissima)

Esse prêmio, do jeito que está sendo disputado, poderia ser feito na plateia do Faustão. Ou do Silvio Santos. Porque não tem absolutamente nenhum critério


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