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Integrar ambientes é a chave para compactos

Alvo das construtoras é o público jovem, que ainda não acumulou muitos bens

Para quem mora em outra cidade e precisa de um ponto de apoio, apartamentos menores também são a solução

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Cozinha embaixo de escadas, terraço que vira área de serviço, móveis retráteis e camas escondidas são alguns dos truques usados por construtoras para vender microapartamentos em São Paulo.

O espaço reduzido deixa de ser sinônimo de problema e ganha ares de versatilidade.

"Temos muita procura do público jovem, que ainda não acumulou tantas coisas ao longo da vida", afirma Rosane Ferreira, diretora de incorporação da Cyrela.

O professor Sérgio Domingos praticou o desapego livrando-se de mais de 200 livros ao se mudar de Araraquara para São Paulo. No interior, morava em um apartamento de 90 m². Na capital, passou para uma quitinete de 18 m².

Hoje divide um apartamento de 32 m² com a mulher e os dois gatos. "É complicado achar um apartamento maior com um preço justo e que seja perto do metrô e de lugares mais bem servidos de ônibus."

Ao se mudar de Recife para São Paulo, a arquiteta Juliana Neves, 31, abriu mão de um "latifúndio" de 75 m² para viver em um apartamento de 35 m². "Meu maior susto foi constatar como as lojas populares estão despreparadas. Como não achei uma mesa de jantar proporcional ao espaço, tenho uma de cozinha."

Juliana usou os truques que aprendeu na profissão. "Reparei que não deveria ter móveis muito altos, como armários até o teto, para não achatar mais o ambiente."

A organização fez com que a mudança do publicitário Cezar Coscelli, de um apartamento de 100 m² para outro de 29 m², não fosse tão difícil. "Morava com um amigo que era a bagunça em pessoa. Quando vim morar com minha mulher, a situação ficou melhor, mesmo em um apartamento pequeno", diz. Mas a mudança exigiu sacrifícios: livros, discos e violão foram deixados com o "roommate".

"Ter menos espaço ajuda a definir as prioridades e reduz o consumismo", diz a assistente de marketing Tatiana Criscione, 24, que mora com o namorado em um apartamento de 36 m².

PONTO DE APOIO

Apartamentos compactos não devem ser vistos como lares, e sim como "pontos de apoio", defende Mário Giangrande, diretor de incorporação da construtora BKO.

"A proposta não é espremer famílias nesses ambientes, mas dar opções a empresários que moram em outras cidades e passam alguns dias em São Paulo, por exemplo."

É o caso do engenheiro Álvaro Lopes, 55. Ele mora com a família em Porto Alegre, mas mantém um apartamento de 30 m² no Brooklin. "Venho quase toda semana e era chato ter que arrumar um lugar para ficar, trazer mala. Hoje viajo com a carteira no bolso."

"Não existe mágica: morar em um ambiente de menos de 30 m² é sacrificante mesmo se tudo for bem planejado", diz a designer de interiores Fabianne Brandalise.

"Em São Paulo as pessoas têm expectativas maiores em relação ao lugar onde moram, querem que seja um local de convívio, de lazer", Luiz Felipe Carvalho, sócio-diretor da incorporadora Idea!Zarvos.

Para ele, imóveis de no mínimo 40 m² são um bom parâmetro de compacto para a realidade paulistana. "A cidade não tem escassez de espaço que justifique a existência de casas que são só dormitórios."

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