São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004

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ZONEAMENTO

Lei aprovada no último dia 2 proíbe comércio no bairro; lançamentos de casas dobraram em 2003, e preços sobem

Parque dos Príncipes vira só residencial

EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

As casas vão reinar absolutas no Parque dos Príncipes. A nova Lei de Zoneamento, aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo no último dia 2 de julho, define que a parcela paulistana do bairro passa a ser uma ZER (Zona Estritamente Residencial) -a de Osasco já tinha caracterização igual. Conseqüência: o mercado imobiliário local está aquecido.
Especialistas dizem que, com o novo zoneamento, deverá crescer a movimentação de incorporadores na região. "Trata-se de um dos eixos que têm futuro na cidade para a classe média. Vai ser muito mais ocupado daqui para a frente", prevê Luiz Carlos Costa, 68, professor de planejamento urbano da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo).
Morar ali, contudo, sai mais caro hoje do que há quatro anos. Números da Amaral d'Avila Engenharia de Avaliações mostram que, em 2000, o preço médio das casas lançadas era de R$ 108,3 mil. Em 2001, saltou para R$ 201,6 mil e atingiu o pico de R$ 299 mil em 2002, para retornar ao patamar dos R$ 201,1 mil em 2003.

Lançamentos
Os novos condomínios de casas na região vêm aumentando, de acordo com a consultoria. De apenas 1, em 2000, passaram a 2, em 2001, 2, em 2002, e 4, em 2003, totalizando 170 unidades em um período de quatro anos.
E o crescimento não deve parar por aí. "Temos ainda 50.000 m2 de área para desenvolvimento no bairro", contabiliza Renato Marques de Godoi, 30, diretor comercial da Godoi Construtora.
Em dezembro do ano passado, a empresa lançou o Casa de Bragança, cujas unidades -com quatro dormitórios, área útil de 170 m2 a 210 m2 e preços de R$ 350 mil a R$ 450 mil- foram todas negociadas em 60 dias.
Em maio foi a vez do São Paulo Hills, da mesma construtora, com 27 casas de quatro suítes, de 400 m2 a 500 m2 e custo entre R$ 500 mil e R$ 900 mil. "Já vendemos 80% delas", calcula Godoi.
O status de zona estritamente residencial já vinha sendo pleiteado pelos moradores. "Estamos acertando uma situação divergente, que causava problemas para quem construía ali", define Carlos Alberto da Silva Vieira, 58, subprefeito do Butantã (distrito em que se localiza o Parque).
Para a prefeitura, segundo a lei antiga (de 1972), o bairro ocupava uma Z2 (mista). "Quem tentava montar um comércio não conseguia, porque a comunidade entrava com uma ação invocando a matriz da escritura original do terreno, que o qualifica como estritamente residencial", afirma.
"Agora o bairro será mais procurado, porque muita gente tem medo de comprar um imóvel numa Z2 e no dia seguinte deparar-se com um estabelecimento comercial como vizinho", diz Ronaldo Souza, 48, presidente da Associação dos Proprietários do Residencial Parque dos Príncipes.
Mas a ocupação precisa ser bem planejada, alerta o urbanista da FAU-USP. "É preciso aproveitar o potencial que o bairro tem para acolher novas instalações e residências prejudicando o mínimo possível os aspectos paisagísticos e ambientais, que são seu grande atrativo. Ali existem encostas e vegetação a serem preservadas."

O custo do sossego
Segurança e ambiente saudável para os filhos foram os atrativos que fizeram com que Raul de Souza Neto, 39, executivo da IBM, trocasse um apartamento na Saúde (zona sul da capital) por uma casa no Parque dos Príncipes.
"Moro num condomínio com 52 casas semelhante a uma vila inglesa", conta. "Há a sensação de comunidade de interior, parece que estou fora de São Paulo."
Mas a qualidade de vida tem seu preço. Os moradores pagam uma mensalidade de R$ 200 "para a segurança e a manutenção das áreas verdes". O Parque dos Príncipes, uma antiga fazenda da família Matarazzo, é murado e tem só três entradas, todas com guarita.


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