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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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Com movimentação maior que em 2002, restam poucas opções no Réveillon; preços caem 30% em janeiro

Paulista corre para não dormir na praia

Fernando Moraes/Folha Imagem
A psicopedagoga Maria Angélica Vaz, que só aluga para famílias


EDSON VALENTE
E LARA SCHULZE
ENVIADOS ESPECIAIS AO LITORAL

Verão é tempo de invadir as praias. Para o Réveillon, a maioria dos imóveis nos litorais norte e sul de São Paulo já estão alugados, mas, se a idéia é aproveitar as férias de janeiro à beira-mar, ainda existem numerosas opções e preços bem mais convidativos -em média, 30% mais baratos, comparados aos do fim do ano.
Porém, é preciso correr para não dormir, literalmente, na praia. As imobiliárias consultadas pela Folha detectam movimentação acima da média em busca de imóveis para temporada. "A procura está três vezes maior que a do ano passado", afirma Kelyn Fornazari, assistente de locações da Seaport, que atua no litoral norte.
A explicação para esse crescimento pode estar na precaução. "Em 2002, as pessoas deixaram para alugar na última hora", diz José Augusto Viana Neto, 52, presidente do Creci-SP (conselho dos corretores). "Agora, elas se anteciparam", compara. "Com a queda das taxas de juros, estão otimistas e têm privilegiado o lazer."

Inquilino único
Uma outra mudança verificada diz respeito ao tempo de locação dos imóveis. Estão em alta os pacotes de dez dias, 15 e até um mês, contra os mirrados dois, três ou sete dias de anos anteriores. Mas é bom ressalvar que a locação de temporada, por lei, não pode exceder 90 dias (veja quadro).
"O aumento do período reduz os preços", estima o presidente do Creci-SP, que faz um levantamento mensal dos preços no litoral. "Os locadores preferem não ter rotatividade e adotam a política do inquilino único para o verão", conclui Fornazari. "Não alugamos por menos de dez dias", corrobora João Manuel Bulhões, 43, gerente da Alpha Imóveis.
Um dos fatores preponderantes para determinar o valor do aluguel é a distância da praia: o termo "pé na areia" aumenta a cotação do imóvel. Pesquisa do Creci-SP em 131 imobiliárias de 12 cidades litorâneas situa as diárias, neste final de ano, entre R$ 67,86 (quitinete no litoral central) e R$ 480 (casa com quatro dormitórios no litoral norte).
Para chegar ao tão sonhado retiro de férias, a internet pode ser o primeiro passo. Existem sites que disponibilizam ofertas com informações, imagens, telefone e e-mail para contato com o locador. A ajuda de uma imobiliária local minimiza os riscos.
Mas visitar o imóvel é imprescindível para fechar negócio, alertam os especialistas. "É importante para verificar condições de conservação, de acesso e de infra-estrutura das proximidades", exemplifica Dante Kimura, 48, diretor de programas especiais do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor).
"Já houve até pessoas que firmaram contrato à distância, adiantaram o dinheiro e não encontraram o imóvel no local", alerta.

Quebra-quebra
Os locadores, por sua vez, costumam estabelecer restrições quanto ao número de usuários ou à idade dos locatários, sobretudo quem já enfrentou experiências desagradáveis. No Réveillon de 2000, a psicopedagoga Maria Angélica dos Santos Vaz, 38, alugou, pela primeira vez, sua casa na praia de Camburi. "A moçada quebrou até o ralo da piscina", conta. "Agora sou chata, bem mais exigente. Escolho famílias."
Para aproveitar a boa maré da locação de temporada, o aposentado Joaquim Passos Ramos, 58, que mora com a mulher em Maresias, abrirá as portas de sua casa pela primeira vez. Como vai passar o Natal e o Réveillon com os filhos em Santos, vai aproveitar para ganhar um dinheiro extra. "O imóvel ficaria fechado", justifica.



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