São Paulo, domingo, 10 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ALTO PADRÃO COM DESCONTO

Desvalorização do m2 chegou a 19%

Baixa teve seu pico em janeiro e passou a 6,6% em março; consultores projetam continuidade do cenário

DA REPORTAGEM LOCAL

Após a queda de vendas a partir de outubro e a dificuldade de obter crédito em bancos privados para valores maiores, o mercado de usados se depara com outro momento do jogo.
Apartamentos de mais de oito anos (com uma ou duas unidades por andar) adquiridos em março tiveram queda de 6,6% no preço de venda do metro quadrado em relação a fevereiro em bairros mais nobres, como Moema (zona sul), Morumbi e Perdizes (zona oeste).
O preço do metro quadrado negociado para bens entre oito e 15 anos com até quatro unidades por andar já tinha diminuído 19,16% em fevereiro e, para os com mais de 15 anos, 8,31%, segundo pesquisa do Creci-SP (conselho de corretores) em 461 imobiliárias.
Na opinião do consultor de finanças pessoais Fabiano Calil, há mostras de que a desvalorização deve continuar: "A curva do mercado já está virando, percebemos uma tendência de depreciação dos imóveis".
O tempo de venda de imóveis residenciais com valores acima dos R$ 500 mil tem superado os seis meses.
Nos anos de 2007 e 2008, com o boom imobiliário e a valorização de terrenos, os imóveis usados tiveram alguma elevação de preço na toada dos edifícios novos sendo lançados.
Vários proprietários fecharam bons negócios naquele momento e empurraram para cima os valores de oferta.
"Muitos colocam o imóvel para vender porque souberam que o vizinho vendeu por um determinado preço", afirma José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP.
"Quando o proprietário coloca à venda e pede um valor sabe que os interessados vão regatear", explica Roseli Hernandes, gerente da Lello Imóveis.

Panorama
No mercado de usados, a faixa entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão tem boa oferta. "Temos um estoque grande nesse patamar, mas estamos com movimentação", afirma Lucas Penteado, da Pronto! Imóveis.
Aos já existentes, logo serão somados apartamentos em fase de construção, lançados em 2007 e 2008. No ano passado, 5.158 unidades nessa faixa de preço foram colocadas à venda, segundo dados do Secovi-SP (sindicato do setor) e da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio).
Tendo isso em vista, Calil confirma que recomendou aos clientes com intenção de venda dos imóveis que dessem descontos de 10% a 20% do valor de mercado.
Mesmo após orientações, a decisão de descontos normalmente é tomada ao perceber dificuldades na venda, segundo corretores ouvidos pela Folha.
Os interessados no setor devem estar atentos aos gastos cotidianos com o bem. "Um imóvel desse porte tem um custo muito elevado de manutenção, com IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano] e condomínio", alerta Calil.
O consultor indica que se analise o patrimônio familiar. Para quem tem mais que 50 anos, investir mais da metade do patrimônio em um imóvel não é uma boa estratégia.
Nessa fase, investimentos devem ser variados e não se concentrar em um bem com baixa liquidez devido à perspectiva de aposentadoria, diz Calil. (CRISTIANE CAPUCHINHO)

Texto Anterior: Alto padrão com desconto
Próximo Texto: Venda cresce com crédito da Caixa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.