São Paulo, Domingo, 11 de Abril de 1999
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MERCADO
São 20,6 mil imóveis residenciais vagos na cidade
SP tem 1 inquilino para cada 3 ofertas

ISABELLE SOMMA
free-lance para a Folha

O mercado de locação de imóveis residenciais na cidade de São Paulo vive o período mais favorável ao inquilino desde a implantação do Plano Real, em julho de 1994.
O mês de março registrou um aumento recorde no número de imóveis para aluguel: 20,6 mil unidades disponíveis em São Paulo, segundo a Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo).
Isso representa um aumento de 758,33% em relação às 2.400 ofertas disponíveis em julho de 1994.
"Existe, atualmente, 1 candidato a inquilino para cada 3 imóveis", afirma o presidente da Aabic, José Roberto Graiche.
O número de inadimplentes e de ações de despejo dobraram no mesmo período, ainda segundo a Aabic.
Uma pesquisa realizada pelo Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis) confirma o quadro detectado pela Aabic.
Uma comparação entre os dados de fevereiro deste ano e do mesmo período do ano passado indicou uma queda de 3,9% no número de locações.
Segundo o presidente da entidade, José Ponchio Vizzari, essa tendência deve se repetir na pesquisa de março, que ainda não foi concluída. "A pequena procura por aluguéis de mais de R$ 700 deve ter se mantido."
Para José Fernando Tuon, da Administradora Predial Tuon, há interessados, mas muitos não têm os requisitos básicos, como crédito na praça e fiador.
Com a crise econômica, muitos inquilinos também desocuparam os imóveis para morar com parentes e fugir do aluguel.
"Em 97 eu fazia de oito a dez locações por dia. Agora eu faço uma por dia, porque o poder aquisitivo está baixo", afirma.
Tuon dá como exemplo um apartamento de três dormitórios na Freguesia do Ó que a sua imobiliária locava por R$ 850 mensais há dois anos. "Hoje, pedimos R$ 550 para alugar por R$ 500."

Alto padrão
O aluguel de apartamentos de alto padrão foi o que sofreu maior queda. De acordo com o Creci-SP, as locações de apartamentos de quatro dormitórios em regiões nobres despencou 59%.
"O que a gente está notando é que o pessoal está baixando o padrão. Estão saindo de imóveis de quatro quartos para três, de três quartos para dois", diz Antônia R. Silva, do departamento de locação da imobiliária Anauate Shaccur.
Segundo Antônia, a procura não caiu, mas a oferta aumentou, e os candidatos a inquilino estão tendo dificuldades para comprovar renda e para encontrar fiador.


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