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MERCADO
São 20,6 mil imóveis residenciais vagos na cidade
SP tem 1 inquilino
para cada 3 ofertas
ISABELLE SOMMA
free-lance para a Folha
O mercado de locação de imóveis
residenciais na cidade de São Paulo vive o período mais favorável ao
inquilino desde a implantação do
Plano Real, em julho de 1994.
O mês de março registrou um aumento recorde no número de imóveis para aluguel: 20,6 mil unidades disponíveis em São Paulo, segundo a Aabic (Associação das
Administradoras de Bens Imóveis
e Condomínios de São Paulo).
Isso representa um aumento de
758,33% em relação às 2.400 ofertas disponíveis em julho de 1994.
"Existe, atualmente, 1 candidato
a inquilino para cada 3 imóveis",
afirma o presidente da Aabic, José
Roberto Graiche.
O número de inadimplentes e de
ações de despejo dobraram no
mesmo período, ainda segundo a
Aabic.
Uma pesquisa realizada pelo
Creci-SP (Conselho Regional de
Corretores de Imóveis) confirma o
quadro detectado pela Aabic.
Uma comparação entre os dados
de fevereiro deste ano e do mesmo
período do ano passado indicou
uma queda de 3,9% no número de
locações.
Segundo o presidente da entidade, José Ponchio Vizzari, essa tendência deve se repetir na pesquisa
de março, que ainda não foi concluída. "A pequena procura por
aluguéis de mais de R$ 700 deve ter
se mantido."
Para José Fernando Tuon, da Administradora Predial Tuon, há interessados, mas muitos não têm os
requisitos básicos, como crédito
na praça e fiador.
Com a crise econômica, muitos
inquilinos também desocuparam
os imóveis para morar com parentes e fugir do aluguel.
"Em 97 eu fazia de oito a dez locações por dia. Agora eu faço uma
por dia, porque o poder aquisitivo
está baixo", afirma.
Tuon dá como exemplo um
apartamento de três dormitórios
na Freguesia do Ó que a sua imobiliária locava por R$ 850 mensais há
dois anos. "Hoje, pedimos R$ 550
para alugar por R$ 500."
Alto padrão
O aluguel de apartamentos de alto padrão foi o que sofreu maior
queda. De acordo com o Creci-SP,
as locações de apartamentos de
quatro dormitórios em regiões nobres despencou 59%.
"O que a gente está notando é
que o pessoal está baixando o padrão. Estão saindo de imóveis de
quatro quartos para três, de três
quartos para dois", diz Antônia R.
Silva, do departamento de locação
da imobiliária Anauate Shaccur.
Segundo Antônia, a procura não
caiu, mas a oferta aumentou, e os
candidatos a inquilino estão tendo
dificuldades para comprovar renda e para encontrar fiador.
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