São Paulo, domingo, 11 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LOCAÇÃO INTELIGENTE

Alugar pode ser melhor que financiar em 20 anos

Inquilino deve poupar excedente para poder dar uma entrada maior

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Por mais urgente que seja satisfazer o desejo da casa própria, resistir ao financiamento longo e permanecer um pouco mais como inquilino pode ser um atalho para a compra.
Para financiar um imóvel de R$ 100 mil em 20 anos, com taxa de juros de 1% ao mês, pagam-se 240 prestações iguais de 1.101,09. Mas, se forem gastos R$ 800 mensais em aluguel e investidos R$ 301,09 (totalizando os mesmos R$ 1.101,09 por mês), em dez anos será possível dar entrada num imóvel de R$ 100 mil, pagar o restante da dívida em cinco anos e, no final, economizar 27%.
É o que revela simulação prepararada para a Folha por Gustavo Cerbasi, professor da FIA (Fundação Instituto de Administração) e consultor da Cerbasi & Associados Planejamento Financeiro.
"O aluguel não é melhor do que a compra, já que a casa alugada sempre tem conotação de provisória", diz Cerbasi. "Mas as pessoas caem no vício cultural de que casa própria significa liberdade e compram no momento errado", argumenta.
Assim, o tempo de aluguel pode ser usado de modo inteligente, considerando o capital disponível e a quantia gasta com moradia -parcela que não deve exceder 30% do orçamento, dizem especialistas.
Enquanto paga o aluguel, o inquilino pode investir o dinheiro excedente em aplicações mais conservadoras com mais garantia de rendimento.
A simulação, que ajuda a refletir sobre o tema, usa valores atuais e por isso tem pontos controversos. O professor de matemática financeira José Dutra Vieira Sobrinho, por exemplo, diz que é bom ter em mente que "já há taxas de juros mais baixas [do que 1% mensal para o financiamento], e elas estão em queda". Além disso, há uma tendência de aumento dos valores reais dos imóveis.
A simulação desconsidera a inflação. Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac (associação de executivos de finanças), diz que o raciocínio é correto, já que os índices de correção de parcelas, aluguéis e salários serão equivalentes.

Só o básico
O sacrifício para poupar pode incluir alugar imóvel de padrão mais baixo. "Morar em um lugar menor, mais afastado, é um esforço que compensará no futuro", prevê o economista-chefe da GRC Visão, Jason Vieira.
O professor Drausio Barros Júnior, 30, e a mulher, Michelle, 28, moram em uma casa alugada na Chácara Santo Antônio (zona sul), enquanto pagam financiamento de um apartamento na Granja Julieta. "Procurei um bairro com aluguel mais barato. Conseguimos juntar dinheiro", conta ele.
"O inquilino tem flexibilidade para mudar quando acaba o contrato", opina José Roberto Federighi, vice-presidente de locação do Secovi-SP (sindicato de construtoras e imobiliárias). Ele sugere até alugar para "experimentar" o imóvel e, se realmente gostar, propor a compra no meio do contrato. (MI)


Texto Anterior: Decisão veio de lista de localizações
Próximo Texto: A prazo: Pé-de-meia alivia sacrifício da compra com endividamento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.