São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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PLANO DIRETOR EM DEBATE

Cantareira toma 80% do território do distrito

Preservação do verde é tema "inegociável" no Tremembé

DA REPORTAGEM LOCAL

"Nem tudo deve ser estoque de terras para a cidade", afirma o ambientalista Malcolm Forest, da associação Amar (de preservação da reserva da biosfera do cinturão verde de São Paulo). Esse é o lema dos moradores do Tremembé na discussão do Plano Regional.
O distrito detém as maiores porções dos 80 km2 da serra da Cantareira, a única floresta urbana do mundo, e do sistema Cantareira de abastecimento de água, o segundo maior do planeta. "Temos de planejar a cidade a partir dessa realidade", resume Forest.
É por isso que a população do Tremembé elegeu como inimigo número um o trecho norte do Rodoanel. O que assusta os moradores é o texto do Eia-Rima (estudo do impacto ambiental da obra). "O documento "esquece" que a serra foi tombada como reserva intocável pela Unesco. A Dersa [Desenvolvimento Rodoviário S.A., que assina o documento] ignora a presença da mata virgem", diz Yuca Cunha Maekawa, coordenadora do SOS Cantareira.
"O traçado não passa no parque estadual da Cantareira, apenas em áreas agrícolas", rebate Rubens Mazon, 54, coordenador de gestão ambiental da Dersa.
"O Rodoanel passará por mananciais e nada garante que o lençol freático não seja contaminado após acidentes rodoviários", retruca Maekawa. "É uma área muito sensível", completa Eduardo Britto, da ONG Planeta Verde.
"As áreas de mata serão preservadas por túneis e pontes, com bacias de contenção", diz Mazon. "Jogaremos os excedentes da obra em uma pedreira, que será transformada em parque". Segundo ele, a Dersa estuda novas sugestões de trajeto, como o que desloca o traçado para o norte, ao lado do parque do Juqueri.

Clandestinos
Hoje, já há vários loteamentos clandestinos, que preocupam tanto quanto o esgoto irregular no córrego do Tremembé.
"Temos de cobrar isso do Estado", diz Marco Antonio Silva, chefe de gabinete da Subprefeitura Jaçanã-Tremembé.
"Também é preciso fiscalizar as propriedades que impermeabilizam o solo e adensam o distrito", diz Mario D'Orazio Filho, presidente do Lions Clube local. "Coibimos os invasores com ação policial", afirma Silva.
Para aliviar o trânsito, "há as opções de uma via expressa ao longo do córrego do Tremembé e de uma estação do metrô no Jaçanã".
"Entretanto, queremos corredores comerciais não-poluentes", diz Antonio Rosolímpio Borges, 67, presidente da Sociedade Jardim Floresta. (NATHALIA BARBOZA)


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