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MEGALANÇAMENTO
Associação de moradores, que já embargou projeto há 3 anos, diz que deverá ser contra prédios de 26 andares
Fernando Moraes/Folha Imagem
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O Alto de Pinheiros observado da praça Cel. Custódio Fernandes Pinheiro, conhecida como praça do Pôr-do-Sol |
Alto de Pinheiros se defende contra torres
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Depois do Les Jardins, que deverá ser entregue nesta semana,
outro megalançamento, previsto
para março de 2004, já mobiliza
a Saap (Sociedade dos Amigos do
Alto de Pinheiros): o Residencial
Villa Lobos, na avenida das Nações Unidas, ao lado do shopping
(zona oeste) -um condomínio
de nove torres de 26 andares.
Os grupos Oscar Americano e
Espírito Santo -responsáveis
por empreendimentos do porte
do shopping Villa Lobos e do residencial Place de Vosges, no Jardim Guedala (zona sul), que tem
arquitetura inspirada em um palácio francês- são os incorporadores e guardam a sete chaves detalhes do condomínio.
Responsável pelo projeto arquitetônico, Júlio Neves, 71, que tem
em seu currículo o shopping Villa
Lobos, também não adianta nada.
"Há um contrato de sigilo", argumenta. O mesmo acontece com
Isabel Duprat, 48, paisagista contratada. Mistério à parte, o conjunto residencial já foi aprovado
na Prefeitura de São Paulo.
E, de acordo com a consultoria
Embraesp, no terreno de 34 mil
metros quadrados deverão ser erguidas nove torres de 26 andares
cada, com 216 apartamentos (de
260 m2 a 405 m2) e 117 mil metros
quadrados de área construída. No
Alto de Pinheiros, o preço médio
do metro quadrado dos quatro-dormitórios é de R$ 3.450.
É justamente no tamanho das
torres do Residencial Villa Lobos
que começa o problema dos empreendedores com os moradores
do distrito. "Um padrão de verticalização desse porte não é adequado para a região", argumenta
Paulo Bastos, 67, arquiteto e urbanista, ex-presidente da Saap e hoje
membro do conselho do grupo.
"No caso da Tecnisa [Les Jardins], a Saap tomou providências
em relação a prédios com 25 metros de altura. Estes [Villa Lobos]
calculo que terão mais de 70 metros. Vamos nos mobilizar", diz.
"Queremos analisar o projeto",
emenda Maria Barretto, 49, vice-presidente da associação.
No caso do Les Jardins, a disputa foi vencida pelos moradores.
Após dois anos e meio de paralisação das obras, o projeto foi alterado. Nesta semana, as chaves das
192 unidades (seriam mais de
300), em seis prédios de oito andares (seriam dez torres), vão ser
entregues aos donos. "Cedemos à
pressão para atender às expectativas sociais do bairro", diz Romeu
Busarello, 37, diretor da Tecnisa.
"Estávamos, desde o começo, rigorosamente dentro da lei."
O Alto de Pinheiros se caracteriza pela presença de empreendimentos de alto padrão. Nos últimos oito anos, só foram lançados
três-dormitórios e quatro-dormitórios (ver quadro), totalizando
14 condomínios -7 de casas. Na
média, o preço do metro quadrado dos três-dormitórios foi 81,4%
maior que o da média da cidade.
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