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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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CONFORTO

Pesquisa da FAU-USP revela medidas-padrão incompatíveis com os produtos oferecidos para pronta-entrega

Móveis não cabem em "populares" da CEF

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Mobiliar um apartamento "popular" novo pode ser um quebra-cabeças de difícil solução. Os móveis vendidos no mercado não cabem nas unidades de até R$ 80 mil financiadas pela CEF (Caixa Econômica Federal), revela pesquisa realizada por Jorge Boueri, 49, professor da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo).
Coordenador de estudos das dimensões dos espaços da habitação no Laboratório de Conforto Ambiental da FAU, Boueri descobriu que as medidas-padrão do MTE (Manual Técnico de Engenharia), utilizado pela CEF, eram incompatíveis com o mobiliário oferecido para pronta-entrega em três grandes lojas de São Paulo (duas "populares" e uma de classe média-alta). "Quase todos os móveis são maiores", diz.
Mas suas conclusões provocam contestações. "Todas as teses cabem", diz João Claudio Robusti, 56, vice-presidente de Habitação Popular do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo). "A desse estudo não constitui regra geral. Já foram entregues, no país, desde 1967, mais de 5 milhões de unidades habitacionais com fins sociais, e esses moradores não dormem no chão", pondera.
O presidente da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), Domingos Sávio Rigoni, 49, endossa: "As fábricas projetam de bicamas a peças moduladas compactas". A construtora MRV faz coro. "Temos muitos imóveis decorados abertos para visitação, que são "transados", e não mandamos fabricar móveis por encomenda", afirma Eduardo Barreto, 46, diretor comercial.
João Marcos Ceglauskis, 26, gerente de vendas e marketing da construtora Tenda, diz que a empresa aposta em "projetos de ocupação inteligente" para suas unidades de 38 m2 e 47 m2. "Não há corredores ou quinas, que constituem áreas "mortas" não-aproveitáveis", define. "E nunca tivemos problemas com adequação de mobiliário nos apartamentos."
(EDSON VALENTE)


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