São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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Discussão agora é sobre comércio e serviços

Barra Funda prepara-se para receber mais gente

FREE-LANCE PARA A FOLHA

À sombra de uma linha ferroviária que o corta ao meio, o distrito da Barra Funda (Água Branca, Vila Barra Funda, Vila Chalot e Vila dos Ferroviários) oferece oportunidades para o crescimento do mercado imobiliário, enquanto os moradores sofrem com a ausência de comércio e serviços.
"Perto dos trilhos, muitas casas antigas e malcuidadas estarão no chão em breve", prevê Regina Monteiro, presidente do Movimento Defenda São Paulo.
"A tendência é que dêem lugar a condomínios para a classe média ou a prédios comerciais", analisa Jovert Nunes Freire, 44, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) de Perdizes, responsável pela Barra Funda.
Já há uma supervalorização de terrenos da várzea do rio Tietê, ou lado de baixo do distrito. Henrique Cambiaghi, 52, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, concorda. "A presença de tribunais pode atrair escritórios de advocacia."
Ele sugere incluir no Plano Regional a criação de um modelo com vias elevadas e até de um bulevar, que seria um modo de respeitar a superficialidade do lençol freático, sem agredi-lo.

Serviços básicos
O subprefeito da Lapa, Adaucto Durigan, 50, que responde pe- la Barra Funda, antecipa que o principal objetivo dos grupos que discutem o assunto será o de retomar o desenvolvimento e o crescimento da região.
O crescimento populacional pode, entretanto, deparar-se com a limitação de uma série de serviços básicos e cujo planejamento deve ser pensado desde já. "Faltam açougues, padarias, redes de farmácias e bancárias", afirma Vilma Finotti, secretária da associação Defenda a Barra Funda.
Para o diretor de legislação urbana do Secovi-SP (sindicato de administradoras e construtoras) Eduardo Della Manna, 45, "um modo de revitalizar a Barra Funda seria estabelecer parcerias com a iniciativa privada, oferecendo outorga onerosa com contrapartida, e destinando os recursos à implantação de equipamentos".
Enquanto isso não vem, Nunes Freire, do Conseg, preocupa-se com um albergue, na rua Boracéia, que a prefeitura disponibilizará, no ano que vem, para cerca de 1.000 moradores de rua. "As carrocinhas vão "povoar" a avenida Marquês de São Vicente durante o dia", prevê.
Outro problema é a ausência de restaurantes próximos à avenida Marquês de São Vicente, o que faz com que os refeitórios das indústrias sejam a única opção.
Além disso, os moradores reclamam das condições de segurança nas imediações de uma passarela sobre a via férrea. "Ali há tráfico de drogas e assassinatos", conta Finotti. (EDSON VALENTE)


Associações de moradores:
Amabrás, 0/xx/11/3209-0651; Bom Jesus do Brás, 0/xx/11/229-1404; Conseg Perdizes, 0/xx/11/9158-0444; Conseg Brás, 0/xx/11/9508-7752; Defenda a Barra Funda, 0/xx/11/9161-5102.



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