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SÃO PAULO EM ZONAS - CENTRO
Para especialistas, região é a mais carente de investimentos da prefeitura, que diz ter dado "pontapé inicial" para o desenvolvimento
Valorização dependerá da ação pública
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O preço do metro quadrado no
centro deve levar pelo menos cinco anos para se valorizar. A estimativa é de Bernd Rieger, 63, presidente da Rieger Auditoria de
Investimentos e analista do mercado imobiliário há 30 anos.
A evolução dependerá da continuidade dos investimentos "da
mão pública" na região, afirma.
"Só o mercado imobiliário não vai
melhorá-la. Os incorporadores
precisam de incentivos."
O consultor prevê que algumas
áreas específicas, como o entorno
das avenidas São Luís e Ipiranga,
deverão ter uma "melhora mais
drástica" ainda nos próximos cinco anos. "A demanda por imóveis, ali, está em plena ascendência." Mas o chamado centro expandido precisa esperar "no mínimo 15 anos" para ter "cara mais
atrativa", estima.
Sergio Ferrador, 51, diretor-conselheiro do Secovi-SP (sindicato da habitação), também aposta em um prazo mais longo de
consolidação do mercado imobiliário da região central -"de cinco a dez anos".
"É preciso ter uma política urbanística mais apropriada" para
que as condições de recrudescimento do mercado imobiliário
central se instalem definitivamente, ressalva João Freire d'Avila Neto, sócio da Amaral d'Avila Engenharia de Avaliações.
"A operação urbana local, por
exemplo, é muito extensa", diz.
"Seria necessário definir microrregiões e investir capital público e
privado de forma mais intensa."
O secretário de Habitação e Desenvolvimento do município de
São Paulo, Marcos Barreto, 36,
que até março era coordenador
do Ação Centro, enfatiza que, dos
US$ 168 milhões destinados por
esse programa à revitalização do
centro, parte deles financiada pelo BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento), somente 20%
foram aplicados até agora.
"Ainda deverão ser investidos
cerca de R$ 400 milhões nos próximos três anos", afirma. "Isso
dará mais segurança aos incorporadores. O processo de reabilitação é longo, deve levar 20 anos para ser totalmente consolidado.
Demos o pontapé inicial."
De qualquer forma, as perspectivas já são otimistas, "sobretudo
em relação à requalificação do espaço urbano", diz d'Avila Neto.
Para ele, nos últimos anos a região
constituiu praticamente uma
"área de passagem". "O valor do
metro quadrado não atraía a população de menor renda, e o público de padrão mais alto não encontrava ali espaço qualificado."
A avaliação de Paulo Lisboa, 47,
diretor da Asbea (associação dos
escritórios de arquitetura), é ainda mais favorável. Segundo ele,
nos próximos quatro anos o preço do metro quadrado no centro
deve dobrar de valor, encostando
no de bairros como Pompéia e Lapa, na zona oeste. "O centro vai
entrar na briga com as zonas sul e
oeste", prevê.
"O centro saiu do fundo do poço e está se requalificando", completa Lisboa. "Estão sendo criados
convênios entre diversas entidades, como o Ministério da Cultura, a própria Asbea e a Secretaria
da Habitação, visando à implementação de habitação no centro." E a região já está "mais bonita, mais iluminada", continua
d'Avila Neto. "Ela se recupera à
medida que começa a ter mais vida, mais movimento."
O centro é a terceira zona mais
valorizada da cidade, com preço
médio de R$ 2.453 por m2 útil. É
pouco menos do que a segunda
colocada, a zona sul (R$ 2.769),
mas bem atrás da campeã zona
oeste (onde o m2 custa R$ 3.116).
Desigual
Mesmo qualificado para atrair
público das classes média e alta, o
centro dificilmente vai ultrapassar as zonas sul e oeste em lançamentos e valorização. "A região
oeste tem mais espaços para desenvolvimento e deverá concentrar os apartamentos de mais alto
padrão", prevê Lisboa.
Em termos numéricos, a zona
sul domina o mercado de edifícios. Entre 1999 e 2003, os quatro
distritos com mais lançamentos
na cidade pertenciam à região:
Moema, Vila Andrade, Vila Mariana e Saúde. Um distrito da zona oeste, o de Perdizes, aparece na
quinta colocação.
"A zona oeste trabalha só com
alto padrão, enquanto a sul mescla produtos mais variados", analisa Ferrador, do Secovi-SP.
(EDSON VALENTE)
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