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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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TENDÊNCIA

Chegam ao mercado ex-comerciais que, depois de uma super-reforma, viraram residenciais

Retrofit desembarca na capital

DA REPORTAGEM LOCAL

Retrofit (espécie de super-reforma, na qual o interior e o exterior de um empreendimento é todo modificado para atender a um novo público) é a palavra da moda no mercado imobiliário. Conceito utilizado desde a década de 70 no exterior, chega a São Paulo com força total e assinado por algumas das grifes da arquitetura.
Programado para ser lançado no próximo dia 29, o Edifício Panorama, na Vila Nova Conceição (zona oeste), é um dos exemplos. Com vista para o parque Ibirapuera, o que antes eram escritórios hoje são lofts de 300 m2 e de 450 m2 de alto padrão do arquiteto Isay Weinfeld, 50. Ele incluiu, no Panorama, itens de tecnologia de ponta (ar-condicionado central na área íntima) e de alto padrão (cozinha tipo ilha e lareiras na sala de estar e na suíte master).
Mas, no final, são os números que devem convencer os proprietários, já que o objetivo maior é tornar o imóvel mais rentável. "Só vale a pena investir no retrofit se o imóvel inadequado estiver no lugar certo", analisa Alberto Horn, 41, diretor de desenvolvimento imobiliário da construtora Método Engenharia. Isso porque a nova roupagem do prédio envolve sempre uma obra onerosa.
"Desistimos de recuperar um prédio na avenida Paulista, cuja área construída era até 15% maior do que a que poderíamos fazer com um prédio novo [em função da nova Lei de Zoneamento", por conta do orçamento proibitivo", exemplifica Alexandre Abreu Pereira, 27, diretor da construto- ra e incorporadora Serplan.
"Mais do que bonito, o projeto tem de ser eficiente. É mais difícil de fazer do que uma obra que parte do zero, pois é preciso driblar as limitações físicas da estrutura antiga e, como toda reforma, é uma caixinha de surpresas", pondera a arquiteta Heloisa Dabus, responsável por três retrofits comerciais.
A vantagem, diz Gonzalo Fernandez, 37, diretor da imobiliária Fernandez Mera, "é que, enquanto um edifício novo demora de dois a três anos para ficar pronto, o retrofit reduz a entrega a meses". Responsável pela venda do Concepto Uno (construtora Sobloco) e do Vivere (Zely Saade), ambos na zona sul, ele conta que os dois tinham de 15 a 20 anos de uso: eram, respectivamente, flat e hotel. Ambos manterão a oferta de serviços (arrumação e lavanderia), típica desses produtos.
Segundo Zely Saade, 58, presidente da construtora que leva o seu nome, "em um ano de obras, o Vivere perdeu paredes; os banheiros foram ampliados; o hall, o térreo e as áreas comuns, que estão sendo entregues decoradas, foram remodeladas; e foram criados novos espaços, como o gourmet e a sala de ginástica".
Já o Concepto Uno mudou tanto que a Sobloco foi capaz de criar mais 14 apartamentos, conta Luiz Augusto de Almeida, 42, diretor. No Varietá, a construtora Setin não teve esse problema. Em 2002, resolveu transformar o flat de sete anos que estava em sua carteira num residencial. "A favor da mudança estavam as plantas das 60 unidades -de 54 m2 a 130 m2 de área útil", afirma Arnaldo Frattini, 38, gerente de marketing.
O prédio perdeu a cara de hotel e alcançou um bom preço. Segundo ele, o metro quadrado de imóveis próximos a ele ficava entre R$ 2.400 (novo) e R$ 1.800 (usado), sendo que o do Varietá ficou em R$ 2.000.(NATHALIA BARBOZA)

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