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São Paulo, domingo, 20 de julho de 2003

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Mercado imobiliário já se prepara para que os moradores possam, à distância, de um celular ou de um palmtop, controlar seu imóvel

Feira abre as portas da casa futurista

BRUNA MARTINS FONTES
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma casa programada para satisfazer todas as necessidades dos seus moradores, com atividades controladas à distância, de um celular ou de um palmtop, é um cenário que está cada vez mais perto dos olhos e longe da ilusão.
Acessar a internet pela rede elétrica, alimentar o cão à distância e fazer aparelhos obedecerem à voz do dono são algumas das idéias que ganham corpo na feira Brasiltec, que começa no dia 29 e vai até o dia 2 de agosto, em São Paulo.
Além de mostrar como funciona um lar automatizado e que facilita a vida de deficientes e de quem trabalha em casa, a feira terá um prédio programado para ser erguido em três dias, equipado com as mesmas tecnologias.
Em seu interior, haverá novidades como um loft que monitora a saúde de moradores idosos e uma agência bancária que reconhece seus clientes pela íris, entre outros aparatos.

Cifras polpudas
O "Prédio Inteligente" reúne R$ 3,5 milhões de investimento em tecnologia, segundo a Lemos Britto, organizadora da feira. Na vida real do mercado imobiliário, equipar empreendimentos com o máximo conforto e segurança também requer cifras polpudas.
"No Brasil, equipamentos mais sofisticados são encontrados apenas nos imóveis de alto padrão", observa Alberto Du Plessis Filho, 43, vice-presidente de tecnologia do Secovi-SP (sindicato do setor). Um dos exemplos é o Brazilian Art, da alagoana Cipesa.
Quanto mais projetos incluírem essas tecnologias, maior será sua aplicação, avalia Carlos Alberto Mariotoni, 52, professor da faculdade de engenharia civil da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). "As construtoras, para minimizar custos, não permitem que o valor gasto com elas ultrapasse 5% do total da obra."
Uma alternativa adotada no mercado é disponibilizar infra-estrutura para abrigar esses equipamentos, que se tornam opcionais. "Investir R$ 30 mil em tecnologia em um apartamento de R$ 80 mil não é viável", comenta Du Plessis.
Assim, os lançamentos de médio padrão já saem das pranchetas com nichos preparados para receber cabeamento e evitar quebra-quebra na hora de instalar os dispositivos tecnológicos.

Nacionais
Quem quiser povoar a casa com engenhocas de última geração se assustará com os preços, pois a maior parte delas é importada. Uma central controladora sofisticada, por exemplo, chega a custar US$ 10 mil (cerca de R$ 28 mil).
A boa notícia para quem gosta de fazer orçamentos em reais é o aumento da presença de empresas brasileiras na feira. "A participação cresceu de 8% para cerca de 35% em relação à edição passada", calcula Andrea Lemos Britto, 31, diretora da Brasiltec.
Mas usar a automação para dar um "upgrade" na casa não significa zerar a poupança. Um sistema simples, que aciona e desliga automaticamente alguma tarefa, como acender as luzes do jardim ou desligar a TV do quarto dos filhos, custa a partir de US$ 70 (R$ 200).
"Com R$ 25 mil instalamos em um sobrado de 150 mē um sistema que controla a irrigação, o som, a iluminação e a aspiração central", conta José Roberto Muratori, 48, presidente da Associação Brasileira de Automação Residencial.
Especialistas avaliam que o uso de tecnologia avançada ganhará impulso graças a restrições ambientais. "Custos com energia elétrica e água têm subido, e uma solução para economizar é controlar o uso desses recursos com infra-estruturas "inteligentes'", afirma Carlos Faggin, 55, diretor técnico da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura.


BRASILTEC 2003 - Onde: Expo Center Norte (r. José Bernardo Pinto, 333, Vila Guilherme, zona norte de São Paulo), tel. 0/xx/11/6222-2555. Quando: de 29 de julho a 2 de agosto, das 16h às 22h. Quanto: entrada gratuita.


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