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São Paulo, domingo, 20 de julho de 2003

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TECNOLOGIA

Polêmica entre os arquitetos, automação residencial ainda está restrita a poucos empreendimentos nas grandes construtoras

Só alto padrão tem "soluções inteligentes"

NATHALIA BARBOZA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O projeto de casa inteligente já está nas entranhas dos mais recentes lançamentos de alto padrão das três maiores construtoras que atuam em São Paulo: Rossi Residencial, Gafisa e Inpar.
No Palazzo Alto de Pinheiros e no Palazzo Panamby, da Gafisa, uma rede interna de computadores controla a iluminação, os equipamentos eletrônicos, as câmeras de segurança e até os caixilhos (para mover as persianas).
No Portofino, que a Rossi está erguendo no Alto de Pinheiros (zona oeste da capital), há soluções como aspiração central a vácuo, intranet e uma central única que compartilha aparelhos de áudio, vídeo e DVD nos diferentes ambientes do apartamento.
"A automação ainda não é uma exigência da classe média, mas logo será o diferencial mínimo necessário para lançar um empreendimento", analisa Cláudio Miotto, 40, gerente de desenvol- vimento e projetos da Rossi.

Coordenação
"A dificuldade num projeto de automação completo é coordenar os sistemas. Para funcionar bem, a tecnologia tem de ser conectável e flexível a um custo baixo", explica Luis Bueno, 36, gerente-geral de obras da Gafisa, que fará o "Prédio Inteligente" da Brasiltec.
O sistema IBM Home Net Center é o trunfo do consórcio Sistema Fácil, responsável pelas casas dos Tamborés 4, 5 e 6 e pelas Exclusive Houses do Tamboré 7, em Santana de Parnaíba (40 km a oeste de São Paulo).
Ele comanda a iluminação e os equipamentos eletrônicos e possui um servidor próprio que permite acesso à banda larga, além de um modem que faz a conexão entre a fibra ótica e a energia elétrica.
"Tudo isso encarece o imóvel em cerca de 2% do seu valor de venda", avalia Wilson Terneiro, 33, engenheiro-chefe do setor de informática da Rodobens.

Freio ABS
Embora reconheça que o ritmo de atualização da indústria imobiliária seja bem mais lento que o da automobilística, Bueno prevê que, em sete anos, até os prédios mais simples poderão se valer dessa tecnologia. "Hoje até carro popular tem freio ABS", compara.
A construtora mineira Lider inclui, desde 1992, a automação dos sistemas vitais (água, geradores e segurança) do prédio e itens como irrigação programada e controle computadorizado de iluminação em todos os seus lançamentos em Belo Horizonte. Curiosamente, em São Paulo o ritmo de automatização é menor.
"Temos de tomar cuidado com itens não-operacionais que trazem maior custo de manutenção, por demandar um serviço especializado ao qual o brasileiro ainda não está acostumado", afirma Henrique de Lima e Silva, 41, superintendente da área técnica.

Infra-estrutura
Para ele, a solução é entregar o prédio com uma boa infra-estrutura pronta para passar os fios e cabos (tubulação seca) e receber os equipamentos de controle.
O gerente de projetos da Company, José de Albuquerque, 35, diz que a preocupação da construtora é "não amarrar a infra-estrutura do prédio à marca de uma única empresa fornecedora".
Privilegiar a infra-estrutura também foi a preocupação da incorporadora Kairoz, que aplicou toda a tubulação do condomínio horizontal Espaçomobile Real Parque na porção periférica.
"É como faz a montadora ao preparar um carro para receber o equipamento de som que convier ao dono", compara Marcelus Munhoz, 40, sócio da Kairoz.

Nacionais
"Alterar o que foi automatizado é sempre muito mais fácil e limpo, já que não é preciso furar paredes, remendar e repintar", atesta a arquiteta Cristina Teixeira, 45, adepta da automação inteligente.
"Tudo isso requer orçamento alto, mas é melhor do que acender um abajur de cada vez", concorda o arquiteto Toninho Noronha, 57.
No Opera Prima, lançamento da RHR & MIBrazil na Vila Andrade (zona sul de São Paulo), além da instalação do controle automatizado de luzes e cenários, do sistema de irrigação dos jardins, do provedor próprio de internet e da central de aspiração de pó, há infra-estrutura para outros itens.
"Os empreendimentos, hoje, precisam desses diferenciais para vender", avalia Ronaldo de Castro, 51, diretor da RHR & MIBrazil. Segundo ele, 92% dos equipamentos de automação usados na obra são nacionais, o que reduz em até um terço o custo para a construtora, que já planeja um empreendimento nesses moldes para a classe média, em Guarulhos (15 km ao norte da capital).


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