São Paulo, Domingo, 23 de Maio de 1999
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COMERCIAL
Uma das principais avenidas da capital paulistana sofre os efeitos da Lei de Zoneamento
Rebouças tem 27 imóveis vagos

CLEIDE FLORESTA
da Reportagem Local

Três quilômetros e 27 imóveis disponíveis para aluguel ou venda. Nos últimos dias, era esse o quadro na avenida Rebouças (zona sudoeste), atualmente um corredor repleto de placas de imobiliárias.
De um conjunto comercial a grandes casas, esses imóveis estão concentrados no trecho entre a avenida Faria Lima e a avenida Paulista. As unidades a partir de 300 m2 são a maioria.
Segundo o corretor de imóveis Daniel Cosme Araújo, 30, da Camargo Dias, que é responsável pela comercialização e locação de boa parte dos imóveis, esse tipo de imóvel deve totalizar 17 unidades.
Ali, o aluguel de um imóvel com metragem entre 300 m2 e 400 m2 tem variado entre R$ 5.000 e R$ 6.000, segundo o corretor.

Par e ímpar
Para Eduardo Lacerda Soares, 33, vice-presidente da Binswanger, empresa especializada em estratégia de localização de empresas, a Rebouças enfrenta um grande problema, que é o tráfego intenso.
"Ela tem uma vocação para varejo, mas o tipo de zoneamento e mesmo o recuo das lojas, com vitrines pequenas, acaba impedindo que a avenida se firme", afirma.
A Lei de Zoneamento (regulamenta o uso do solo) não é igual em toda a sua extensão. No lado par, ela pode abrigar qualquer tipo de imóvel comercial. Já no ímpar o uso é limitado a showroons e empresas de prestação de serviços.
"Como o trânsito é infernal, as pessoas não têm possibilidade de desacelerar o carro para olhar vitrines", de acordo com Soares.

Preços
Para Araújo, porém, essas características não prejudicam os negócios na região. Apesar do barulho e do trânsito, ele diz que é muito fácil alugar imóveis na Rebouças.
"Geralmente, levo entre três e quatro meses para fechar um negócio." Empresas prestadoras de serviços, que estão saindo de imóveis mais caros, formam grande parte de sua clientela.
Para a corretora Sirlene Pereira, 46, da imobiliária Exclusiva, que também tem imóveis para alugar na região, o preço, às vezes, dificulta os negócios. "Mas o problema da avenida Rebouças é o mesmo de toda a cidade: sobram imóveis."
Segundo ela, o tempo para a locação varia entre dois e cinco meses. Ela cita como exemplo dos preços irreais pedidos pelos proprietários um imóvel de 400 m2 que é oferecido por R$ 5.000 mensais.
Sirlene afirma que um aluguel entre R$ 3.800 e R$ 4.000 ampliaria as chances de negociação.

Alteração
Para mudar esse quadro, afirma Soares, seria necessária uma mudança na Lei de Zoneamento.
"Entre as avenidas Brasil e Faria Lima, só tem um prédio. As construtoras não tiveram chance de construir coisas mais interessantes", afirma.
Para ele, o que existe ali é uma adaptação dos imóveis já existentes -predominantemente casas-, o que limita o uso.


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