São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

Próximo Texto | Índice

LOCAÇÃO E VENDA

Excesso de estoque nos próximos 3 anos e pessimismo das multinacionais são as explicações do mercado Escritórios de alto padrão devem ter queda de 8% a 10%

Escritórios de alto padrão devem ter queda de 8% a 10%

Fernando Moraes/Folha Imagem


CÁSSIO AOQUI
DA REPORTAGEM LOCAL

O imprevisível ciclo do mercado imobiliário fez mais uma vítima. Depois dos flats e das pequenas salas comerciais, que inundaram a capital nos últimos anos, chegou a vez dos escritórios "triple A" (alto padrão) terem previsão de desvalorização de 8% a 10%, na locação e na venda.
O motivo principal é o excesso de oferta projetado para os próximos três anos. "Em pouco tempo, as construtoras, animadas com o aquecimento em 2000, lançaram algo próximo a 5% do estoque total da cidade", diz o gerente comercial da consultoria Binswanger Brasil, Miguel Giacummo, 39.
Os planos de alta demanda, no entanto, não se concretizaram: "Com a série de imprevistos que começou com a queda da Nasdaq e culminou com o 11 de setembro, as multinacionais deixaram de investir. Prova disso foi a absorção negativa de 15 mil metros quadrados no final de 2001, o que significa empresas devolvendo os escritórios", exemplifica Paul Weeks, diretor da consultoria Cushman & Wakefield Semco.
A taxa de vacância (mede a quantidade de metros quadrados vagos em escritórios) pode ultrapassar 17% nos próximos dois anos, quando os lançamentos serão entregues, prevê. "Em 2001 esse percentual era de 7%."
"O grande teste começa no final deste ano", na opinião de Daniel Citron, presidente da incorporadora TishmanSpeyer Método, referindo-se ao primeiro grande lote de escritórios a ser concluído na avenida Brigadeiro Faria Lima (zona oeste de São Paulo).
Para fugir desse cenário, as incorporadoras recorrem a táticas diversas. Há projetos que foram adiados para 2005, de acordo com Citron. Outra alternativa é diminuir a expectativa inicial de rentabilidade, segundo Sandra Rauston, diretora da consultoria Jones Lang LaSalle. "Caso contrário, as empresas que construíram terão de arcar com o prejuízo."

Boa notícia
O que é ruim para o mercado vira boa notícia para empresas com contrato a vencer. "As previsões pessimistas e a desvalorização dos imóveis têm feito com que haja uma adequação dos aluguéis, que estão sendo renegociados", diz Rodrigo Martins, da Cushman & Wakefield Semco. Ele prevê mais competitividade: "Além de localização e preço, os comerciais agora vão precisar de diferenciais".



Próximo Texto: Escritórios: Faria Lima deve manter a liderança em oferta e preço
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.