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Os sem-aluguel
Falta de fiador e de crédito faz candidatos fecharem contrato em nome de terceiros
GIOVANNY GEROLLA
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de dificuldades
encontradas por quem caminha em busca de um imóvel
para alugar pode ser proporcional à quantidade de placas
que anunciam vagas para locação nas ruas de São Paulo
-sobretudo se o pretendente
vem de outra cidade ou Estado.
Apesar da crescente opção de
garantias locatícias (veja no
quadro), o candidato a locatário
também tem à sua disposição
um grande leque de entraves
para conseguir viabilizá-las.
O problema "mais comum" é
a falta do fiador, pondera José
Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo).
Para quem vem de outras localidades, a saga é ainda mais
dramática, pois as imobiliárias
geralmente só aceitam um fiador que seja proprietário de um
imóvel na mesma localidade do
que se quer alugar.
Nômade
Foi o que aconteceu com o
designer gráfico José Maia, 22,
que trouxe sua mudança de
Brasília (DF) há cinco anos e
ainda não se estabeleceu.
"Já morei em oito endereços,
mas só consegui parar em um
flat, porque a caução era só de
um mês de aluguel. O problema
era a mensalidade, de
R$ 1.500", lamenta.
"Tentei uma vez indicar minha mãe como fiadora, mas o
medo dos locadores são os custos altos caso ela tenha de ser
acionada em Brasília", justifica.
"Para esse tipo de situação,
há o seguro-fiança", receita o
presidente da Abami (Associação Brasileira de Advogados do
Mercado Imobiliário), Geraldo
Beire Simões, 76.
"O locatário paga uma taxa
anual de 80% a 100% do valor
de um mês de aluguel."
Mas, para essa opção, também há uma grande barreira:
nem todos conseguem driblar a
burocracia para ter cadastro
aprovado nas seguradoras.
Maia, por exemplo, revela
que não possui carteira de trabalho assinada, tipo de comprovante de renda mais requisitado para ter aval de crédito.
"Sou free-lancer e não aceitam meus recibos de movimentação da conta corrente como
comprovação", afirma.
Outro brasiliense, o fotógrafo
Marcelo Barbosa, 35, trouxe
mala, cuia e seus dois gatos para
São Paulo, mas não tinha poupança para pagar caução ou
crédito para um seguro-fiança.
"Eu passava cada semana na
casa de um conhecido diferente", lembra. "Uma amiga, que
pretendia se mudar, ofereceu-me o apartamento onde estou
agora. O contrato ainda está no
nome dela", declara, aliviado.
Laranja
"Mas isso é muito arriscado",
alerta o advogado Cristiano de
Souza Oliveira, 34. "Se acontecer algo ao imóvel ou se o morador tiver problemas de conduta
no condomínio, responderá o
proprietário, que vai pressionar quem assinou o contrato."
O último recurso para o designer F. B., 23, foi "chamar a
mamãe" -ou melhor, a irmã
dela. Com contas a prestar ao
Serviço de Proteção ao Crédito,
não conseguia alugar, mesmo
tendo o avô como fiador. "A solução foi pedir para minha tia
assinar o contrato", conta.
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