São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2004

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MARKETING

Anúncios "in loco" também atraem consumidor que procura no bairro imóveis usados para alugar ou comprar

Placas disputam espaço com jornal

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Menos papel, mais sola de sapato. Além de anunciar no jornal, quem quer vender ou alugar um imóvel recorre cada vez mais a placas para chamar a atenção dos que saem à caça nas ruas.
"É o meio mais utilizado para procurar usados. As imobiliárias e os corretores têm essa percepção", afirma Orlando de Almeida Filho, 54, presidente do Sciesp (Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo). "Se a intenção é morar em determinado bairro, a pessoa anda pelas ruas anotando números de telefone. É mais objetivo", avalia.
Pesquisa feita pela imobiliária Camargo Dias, uma das maiores da cidade, revela que 35% dos clientes chegam a ela "via placas", 20% "passam em frente ao escritório e entram", 18% "lêem os classificados em jornais" e 15% "fazem uma busca na internet".
Fábio Filho, 38, diretor de marketing da imobiliária Itaplan, acha que o anúncio de jornal é importante no começo e no final do processo de busca do imóvel, que dura de seis a oito meses.
"Temos pesquisas que mostram que 58% das pessoas iniciam a procura com o jornal, depois passam à pesquisa no local e, quando têm mais ou menos definido aquilo que querem, cerca de 70% delas voltam para os classificados impressos, como se fosse uma última opinião, para ver se não há nada novo", explica.

Sintético demais
O texto diminuto dos anúncios é apontado como um dos responsáveis pela pouca atração de interessados em comprar ou alugar. "Muitas vezes não se publica o nome específico do bairro, e sim o da subprefeitura", diz Décio Chiaradia, 48, diretor comercial da Camargo Dias na Vila Mariana.
Os anúncios também são prejudicados pelas disputas entre as imobiliárias e os corretores pela comissão de 6%, recebida quando a venda é concretizada.
"A falta de exclusividade da imobiliária ou do corretor na comercialização de um imóvel não permite que os anúncios de jornal sejam mais objetivos, devido ao medo de que o interessado vá diretamente ao proprietário", ressalva José Augusto Viana Neto, 53, presidente do Creci-SP (conselho de corretores).
Para minimizar esse problema, o Sciesp agora disponibiliza na internet o SOC (Sistema Operacional Compartilhado). No site www.imovelweb.com.br/soc, os corretores podem cadastrar os imóveis que comercializam com exclusividade.
"Se um corretor tiver um clien- te interessado em um apartamento que está sendo negociado por outro vendedor, eles poderão dividir a comissão", exemplifica Almeida Filho, do Sciesp.
A internet é outro meio que tem ganhado espaço na procura de imóveis. "Permite a pesquisa de preços e que se conheça a oferta em uma certa região", opina Tomás Salles, 53, diretor de novos negócios da Lopes Consultoria de Imóveis. "O classificado de jornal tem pouco apelo. Não há imagens e os dados são limitados."

Zelador sabe-tudo
Há quem aposte na combinação de diversos elementos para cativar o cliente. "Em um primeiro momento, o comprador circula pelo bairro, mas depois cai nos anúncios de jornal, pela dificuldade de entrar nos prédios sem a companhia de um corretor", explica Viana Neto.
A secretária-executiva Martha de Rezende Barbosa, 59, conta que dispensou os tradicionais corretores, os computadores e as páginas de classificados na procura por um apartamento no Itaim. "Prefiro sair às ruas e tentar falar diretamente com o proprietário."
Ela explica que se vale de uma tática bem peculiar para conhecer os imóveis. "O porteiro e o zelador me dão informações e fazem o papel de corretores", afirma. "Pergunto se há garagem, quantos quartos tem e qual é o valor do condomínio. Eles conhecem o movimento do bairro mais que qualquer outra pessoa."
Para o designer gráfico Rodrigo Sommer, 31, "é melhor procurar andando para ter uma idéia da área inteira e conhecer sua infra-estrutura -se tem lavanderia ou não, por exemplo", completa.
(EDSON VALENTE)


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