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LEGADO
Construções feitas por Ramos de Azevedo ou sua equipe, como o Teatro Municipal, são hoje marcos históricos
Arquiteto ajudou metrópole a nascer
ROSANA DE VASCONCELLOS
Editora de Imóveis
Muito mais que nome de praça, o
arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928) teve
um papel fundamental na definição da "cara" que a cidade de São
Paulo assumiu a partir do momento em que começou a virar metrópole -e cujos principais marcos
persistem até hoje, quando a cidade completa
444 anos, na
região conhecida como centro velho.
Construções
como o Teatro
Municipal, o
edifício dos
Correios, o
Mercado Municipal, o colégio Caetano de
Campos (ocupado pela Secretaria da
Educação), a
atual sede da
Pinacoteca e os
prédios do pátio do Colégio,
projetados por
Ramos de Azevedo ou de responsabilidade de sua empresa, o Escritório Técnico FP Ramos de Azevedo, ainda hoje são reconhecidos
como marcos históricos da cidade.
"Ramos de Azevedo surgiu no
momento em que São Paulo atingia o primeiro estágio de metrópole. Suas obras são signos desse processo de transformação", diz Maria Aparecida Lomônaco, 52, diretora do Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e integrante do Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São
Paulo.
Para Carlos Lemos, 72, arquiteto
e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (Universidade de
São Paulo),
uma das principais contribuições de Ramos de Azevedo foi a modernização que ele
promoveu na
cidade. "São
Paulo era muito pobre, provinciana, sem
ruas e avenidas. A sociedade estava se
acotovelando
no centro, em
casas antigas,
de taipa de pilão. Foi Ramos
de Azevedo
que deflagrou a reforma das condições de habitação da cidade", diz
Lemos, autor de uma biografia do
arquiteto, intitulada "Ramos de
Azevedo e seu Escritório".
Essa contribuição, segundo Lemos, se deu principalmente por
meio da atuação de sua empresa de
arquitetura e construção, que aparece como responsável pela maioria das obras. "Não existe a pessoa
Ramos de Azevedo. Existe o escritório Ramos de Azevedo. Ele não
prescindiu do auxílio de outros arquitetos", diz Lemos.
Revalorização
Para Lomônaco, está ocorrendo
uma revalorização da obra do arquiteto, traduzida na recuperação
de edifícios como o Teatro Municipal e a Pinacoteca.
Ela destaca o fato de Ramos de
Azevedo ter participado de todas
as áreas da metrópole que nascia:
fez obras na área da educação, da
cultura, da alimentação.
Outro aspecto importante, segundo ela, é o status que ele adquiriu na época. Como exemplo, ela
cita o fato de uma personagem
(Lenita) do romance "A Carne",
de Julio Ribeiro, declarar que seu
sonho é morar em São Paulo, em
uma casa projetada por Ramos de
Azevedo. "Ele era uma grife."
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