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Centro de tudo
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Tal qual em uma torre de Babel
moderna, no centro de São Paulo
se misturam raças, idiomas, castas, crenças e tribos das mais variadas. Em cada esquina brotam
histórias curiosas, protagonizadas tanto por gente famosa como
por cidadãos anônimos.
A promotora de eventos Paloma Ferreira Barbosa, 20, mora
desde os nove anos na praça Padre Manoel da Nóbrega, em frente ao Pátio do Colégio.
Embora ela goste da facilidade
de locomoção e das opções comerciais que tem à mão por morar no centro, diz que passou o final de sua infância "um tanto sozinha". "Não tinha muitos vizinhos de minha idade", conta.
A saída foi descobrir locais diferentes para passear. "Essa região
ainda tem lugares bonitos e coisas
legais para fazer."
Foi em um estúdio na região onde hoje se localiza o metrô Santa
Cecília que José Mojica Marins,
67, mais conhecido como Zé do
Caixão, rodou "À Meia-Noite Levarei Sua Alma", seu primeiro
longa-metragem de terror, há cerca de 40 anos. Mojica passeia com
nostalgia pelas suas memórias do
centro: "Havia grandes cinemas
na avenida São João", recorda.
Há sete anos o cineasta mora
em um apartamento perto da rua
Santa Ifigênia. "Percebo que muita coisa tem sido feita, mas ainda
há descuido em relação a outras."
O relacionamento do ator Sérgio Mamberti, 64, com o centro
também é antigo. Já passou por
ruas como Nestor Pestana, Dona
Antônia de Queirós e Paim, na década de 60, e chegou à casa onde
vive desde 1970, no Bixiga. "Os
meus três filhos foram criados nela", conta. "Chegou a ser uma espécie de "open house", com grandes noitadas. Os Novos Baianos
até moraram comigo."
Da legião de "estrangeiros" que
adotou São Paulo faz parte a jornalista carioca Elazir do Egito, 52.
Há 17 anos, chegou a trabalho e se
estabeleceu em Higienópolis,
ponto nobre do centro. "Foi o
mais charmoso que conheci", justifica. "Tem um ar parisiense e está perto de tudo. Não troco o endereço por nada."
(EV E RGV)
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