São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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Centro de tudo

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Tal qual em uma torre de Babel moderna, no centro de São Paulo se misturam raças, idiomas, castas, crenças e tribos das mais variadas. Em cada esquina brotam histórias curiosas, protagonizadas tanto por gente famosa como por cidadãos anônimos.
A promotora de eventos Paloma Ferreira Barbosa, 20, mora desde os nove anos na praça Padre Manoel da Nóbrega, em frente ao Pátio do Colégio.
Embora ela goste da facilidade de locomoção e das opções comerciais que tem à mão por morar no centro, diz que passou o final de sua infância "um tanto sozinha". "Não tinha muitos vizinhos de minha idade", conta.
A saída foi descobrir locais diferentes para passear. "Essa região ainda tem lugares bonitos e coisas legais para fazer."
Foi em um estúdio na região onde hoje se localiza o metrô Santa Cecília que José Mojica Marins, 67, mais conhecido como Zé do Caixão, rodou "À Meia-Noite Levarei Sua Alma", seu primeiro longa-metragem de terror, há cerca de 40 anos. Mojica passeia com nostalgia pelas suas memórias do centro: "Havia grandes cinemas na avenida São João", recorda.
Há sete anos o cineasta mora em um apartamento perto da rua Santa Ifigênia. "Percebo que muita coisa tem sido feita, mas ainda há descuido em relação a outras."
O relacionamento do ator Sérgio Mamberti, 64, com o centro também é antigo. Já passou por ruas como Nestor Pestana, Dona Antônia de Queirós e Paim, na década de 60, e chegou à casa onde vive desde 1970, no Bixiga. "Os meus três filhos foram criados nela", conta. "Chegou a ser uma espécie de "open house", com grandes noitadas. Os Novos Baianos até moraram comigo."
Da legião de "estrangeiros" que adotou São Paulo faz parte a jornalista carioca Elazir do Egito, 52. Há 17 anos, chegou a trabalho e se estabeleceu em Higienópolis, ponto nobre do centro. "Foi o mais charmoso que conheci", justifica. "Tem um ar parisiense e está perto de tudo. Não troco o endereço por nada." (EV E RGV)


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