ISABELLE SOMMA
free-lance para a Folha

Entender o funcionamento e as regras do mercado imobiliário é a primeira providência que os marinheiros de primeira viagem devem tomar na hora de comprar ou vender um imóvel. Um relacionamento afinado com o corretor de imóveis é a melhor garantia de uma negociação rápida e sem traumas.
Segundo Roberto Capuano, proprietário de imobiliária e presidente licenciado do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo), a avaliação do imóvel é a principal fonte de atritos entre ambos os lados.
"Normalmente, o dono do imóvel imagina que o corretor quer um preço baixo para vender rápido. Mas o corretor sabe o preço de mercado e também que o proprietário vai procurar se informar."

Justificativa do preço
Para resolver o impasse, a solução é pedir uma justificativa do preço fixado. Pesquisar preços de similares na região dá ao proprietário subsídios para a discussão.
O comprador também pode comprometer a negociação ao esconder o valor que realmente pretende pagar. Assim, o corretor descarta opções que podem estar dentro do perfil que o cliente procura.
"Se o cliente dispõe de R$ 150 mil, mas diz que só pode pagar até R$ 100 mil, o corretor procura imóveis na faixa de R$ 90 mil a R$ 110 mil. E ele deixa de ver muitas outras opções", diz Gianni Dias Paladino, gerente da Guizzardi.

Comissão
A Tabela de Comissões e Serviços do sindicato dos corretores estabelece que o profissional deve receber de 6% a 8% sobre o valor do imóvel negociado. O valor refere-se à venda de imóveis de terceiros em zonas urbanas.
Há imobiliárias que trabalham com uma porcentagem fixa e outras que aceitam negociação.
Valentina Caran, 44, proprietária de uma imobiliária especializada em imóveis comerciais, trabalha com comissão de 5%. "Eu cobro esse valor desde que comecei".
Como há essa variação, é necessário combinar previamente qual será o valor da comissão.

Opção de venda
Outro quesito que pode provocar dúvidas é a opção de venda. Ela dá ao corretor exclusividade na venda do imóvel por um período predeterminado por ambas as partes.
"Na medida em que garante ao corretor a comissão, também dá a ele a responsabilidade de sempre levar possíveis compradores, dar satisfações", diz Júlio Rocha Paes, 56, da Seabra, corretor há 28 anos.
Outra vantagem da exclusividade é não encher o imóvel de placas de imobiliárias, o que pode passar a idéia de local "micado".
Avaliar o profissional também pode garantir distância de futuras dores de cabeça. "95% das queixas recebidas são contra corretores não-credenciados", diz Capuano.
O Creci-SP fornece informações sobre profissionais credenciados que estão sofrendo processos.


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