São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

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SÃO PAULO EM ZONAS - LESTE

2003 foi o pior período dos últimos cinco anos para a área, cujo mercado encolheu; Tatuapé atrai maior parte dos investimentos

Lançamentos caem 7% e região vive crise

Divulgação Base Aerofoto
Vista aérea do Tatuapé, distrito que concentrou a maior quantidade de lançamentos de edifícios (45) e também de apartamentos (4.405) nos últimos cinco anos na zona leste, seguido pela Mooca



EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O mercado imobiliário da zona leste não acompanhou, entre 1999 e 2003, o bom desempenho registrado nas zonas norte, sul e oeste, que cresceram mais de 40% no período. Longe disso, o número de lançamentos na região caiu 7%, e o de unidades, 13%.
Em 2003, o contraste se acentuou -foi o melhor ano para o mercado imobiliário na média da cidade inteira, mas o pior do qüinqüênio na zona leste.
"O ano passado foi um período de recessão econômica e de desastre para o mercado imobiliário", diz Emílio Haddad, 56, professor-doutor da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo). "Em vez de investirem na construção, alguns empresários preferiram o mercado financeiro", afirma.
E isso foi percebido particularmente na zona leste, "onde a renda média da população é menor", lembra Lucimar Fernandes, 43, diretor administrativo da Hernandez, incorporadora que tem a região como principal foco.
Para Celso Amaral, 44, sócio da Amaral d'Avila Engenharia de Avaliações, o maior problema é mesmo a renda. "Com exceção de Tatuapé, Mooca e Penha, os incorporadores não se sentem atraídos para investir", diz. "Há espaço à vontade, os terrenos, em geral, não são caros. Mas, se lançarem, quem vai comprar?"
Fernandes aponta outro fator limitador do mercado local, o bairrismo. "[O mercado] é restrito e atende a compradores da própria zona leste. Empresários que atuam em bairros mais periféricos, como São Mateus, São Miguel ou Ermelino Matarazzo, por exemplo, têm interesse em morar no Tatuapé, que é mais nobre."
A zona leste sofre ainda com a construção "informal". "As pessoas constroem loteamentos clandestinos", conta Haddad. "Acontece muito em São Miguel, no Itaim Paulista e em São Mateus, mesmo em torno de Cohabs."

Recordista
O Tatuapé foi o grande campeão em desempenho no período, com 45 empreendimentos e 4.405 unidades lançadas. O distrito é também o segundo colocado no ranking de apartamentos da cidade, com 4,3% do total de obras.
Os atrativos? "Ele tem maior acessibilidade, fica mais próximo do centro e possui uma população com renda mais alta", enumera Haddad. "Ali há concentração de serviços e de equipamentos de lazer, como shopping centers", completa Elizabeth Goldfarb, 50, ex-vice-presidente e atual conselheira da Asbea (associação dos escritórios de arquitetura).
Outro "oásis" de luxo na zona leste é o Jardim Anália Franco, bairro da Vila Formosa. "O padrão ali é altíssimo", observa Regina Monteiro, 47, presidente do Movimento Defenda São Paulo. "Há muitos empreendimentos de quatro e de cinco dormitórios, com 500 m2, 600 m2. Os incorporadores perceberam que havia ali empresários com dinheiro, que buscavam morar no local", diz.
Mas a valorização excessiva pode acabar espantando o mercado, opina Amaral. "Os terrenos estão muito caros. Vale mais a pena para os empreendedores investir em bairros como Moema, que têm maior liquidez." Segundo especialistas, contudo, a região reserva o maior potencial de crescimento da cidade.


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