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"OFF-SHORE"
Vendas aumentam para Colômbia, Venezuela e Equador, mas caem 70% para o Brasil após a alta do dólar
Brasileiro deixa de ser "rei" do mercado de imóveis de Miami
NATHALIA BARBOZA
ENVIADA ESPECIAL A MIAMI
Não foram só as lojas de eletroeletrônicos de Miami que sentiram os reflexos da alta do dólar
frente o real. As compras tupiniquins no mercado imobiliário local representam hoje menos de
30% da movimentação que gerou
em 1998, sinal claro do final do
"milagre brasileiro" que significou a paridade entre as moedas.
Os brasileiros estão sendo desbancados por equatorianos, colombianos e venezuelanos, revela
o corretor João Luiz Carvalho, da
Swire Brickell Key Realty.
"Em 1989, fechávamos 30 negócios com brasileiros por mês. Hoje, não passam de seis", afirma
Leo Ickowicz, 54, sócio da imobiliária Elite International.
E não eram apenas mansões,
embora os brasileiros sempre
preferiram imóveis caros (de US$
700 mil a US$ 1,2 milhão). Por isso
a prestação do financiamento
também ficou maior. "Quem se
apertou resolveu alugar", conta
José Augusto Pereira Nunes, 56,
vice-presidente da imobiliária Algebra International. Bom para
quem ainda precisa pagar o financiamento, o condomínio e o imposto predial. "Em alguns casos,
sobram até uns trocos."
Segundo Ickowicz, o aluguel de
um apart-hotel de 70 m2 varia de
US$ 1.500 a US$ 2.000. Já o imposto anual costuma equivaler a mais
de 1% do valor do imóvel.
"Quem comprou a prazo nos
EUA fez um negócio de alto risco,
sobretudo se recebe em real", diz
Alexandre Assaf Neto, consultor
de finanças e professor da USP.
O problema é que, segundo os
corretores ouvidos pela Folha,
99% dos brasileiros que compram
imóveis em Miami optam pelo financiamento de 30 anos e estão
sujeitos ao sistema de hipotecas
(não leva mais do que 40 dias para
o banco retomar o imóvel em caso de inadimplência).
"Para esses, a melhor estratégia
é planejar o fluxo de caixa comprando dólar no mercado futuro
sempre que tiver a perspectiva de
que vai subir", recomenda Assaf
Neto. Já a economista Beatriz Fereira sugere os fundos cambiais.
"São um investimento mais acessível à pessoa física", justifica.
O proprietário também não deve se esquecer da taxa de condomínio, que não sai por menos de
US$ 500, para um apartamento de
100 m2 em Brickell Key.
Caminho inverso
É por isso que muitos resolveram vender. Mas, nesse caso, alerta Carvalho, terão de pagar imposto sobre o lucro real obtido na
negociação de imóveis que valem
mais de US$ 300 mil.
No caminho inverso, a alta do
dólar tem ajudado a construtora
MRV a atrair quem mora fora do
país para a compra de imóveis no
Brasil. "Hoje, a maioria [420 unidades" de nossas vendas pela internet são para esse público", diz
o gerente José Renato Araújo. É
por isso que a MRV acaba de chegar a Portugal, onde está a segunda maior colônia brasileira, e planeja ir ao Japão e à Espanha.
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