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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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VENDA CASADA

Nas 70 maiores construtoras, só 4 aceitam o usado como parte de pagamento no ato da entrega do novo

"Chave com chave" é raridade no mercado

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Usar o imóvel usado como parte de pagamento de um novo -e só entregá-lo quando a obra for finalizada- transformou-se em uma prática rara no mercado de São Paulo: das 70 maiores construtoras ouvidas pela Folha, apenas 4 mantêm o sistema conhecido como "chave com chave".
Embora pareça ser um ótimo negócio para o comprador, recomenda-se cautela. "Muitas vezes, trata-se de uma estratégia de marketing para atrair o interessado até o estande de vendas", alerta Gonzalo Fernandez, 35, diretor de comercialização de lançamentos do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais).
"Em alguns casos, o consumidor, que estava empolgado com o lançamento, fica frustrado com a construtora ao ver seu imóvel ser avaliado bem abaixo do preço de mercado", diz o diretor do Secovi e da imobiliária Fernandez Mera.

Desvalorização
Ricardo Teixeira Leite, 44, diretor da construtora e incorporadora Tecnisa, que patenteou o no- me "chave a chave" em 1992, explica que, "embora seja interessante para o comprador, não é interessante para a construtora".
A mesma opinião é compartilhada por José Romeu Ferraz Neto, 45, vice-presidente do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo): "É uma relação muito difícil, pois o período da obra é longo [média de 36 meses], o que pode terminar valorizando um imóvel e desvalorizando o outro".
Para o consultor Luís Álvaro de Oliveira, 60, a maior dificuldade é a avaliação do imóvel. "Quem tem o usado supervaloriza, e quem vai recebê-lo costuma oferecer menos." Especialistas ouvidos pela Folha dizem ser aceitável uma depreciação de 10% a 20% no sistema "chave com chave".
(ELENITA FOGAÇA)


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