São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007

Próximo Texto | Índice

Fachada limpa

Conservação do "cartão de visita" do prédio deve ser feita a cada cinco anos por, em média, R$ 50 mil

Renato Stockler/Folha Imagem
A fachada do edifício Adele, no Real Parque (zona oeste), passou por uma recuperação de R$ 300 mil para corrigir a falta de juntas e a oxidação da armadura


DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os prédios paulistanos sentem na pele os efeitos das variações bruscas de tempo típicas do inverno na cidade.
Trincas, fissuras, manchas e desplacamentos nas fachadas são sintomas de problemas que podem ter origem em qualquer parte do organismo do edifício -desde o esqueleto de concreto até a sua "epiderme".
"Em junho e julho, a movimentação dos materiais aumenta com oscilações de temperatura durante o dia, e os problemas aparecem na fachada", diz o engenheiro Ragueb Banduk, 59, sócio da Pacelli, Ragueb e Associados, consultoria em patologias de fachadas.
A receita para mantê-las em forma, não importa qual o acabamento final -cerâmica, argamassa, tijolo ou concreto aparente-, é fazer limpeza periódica com hidrojateamento.
No processo, não se deve usar produto químico, sobretudo o que tenha ácido, que degrada o revestimento e camadas internas. A pressão da lavadora não pode exceder 1000 psi (libra por polegada quadrada).
"É bom contratar uma empresa especializada para não ter vidros quebrados, caixilhos danificados ou desgaste do acabamento", sugere a engenheira Viviane Namura, 44, proprietária da Granilita, fabricante de tintas e revestimentos.
Além da lavagem, devem-se aplicar biocidas, para eliminar fungos, e impermeabilizantes.
"Impermeabilização malfeita ou vencida pode causar infiltrações nos apartamentos", alerta Namura, que recomenda manutenção preventiva completa da fachada pelo menos a cada cinco anos. Ela custa, em média, cerca de R$ 50 mil, com impermeabilização e pintura.

Sintomas
O sintoma mais comum das "doenças" das fachadas é o desplacamento, que, como os demais, é mais intenso nos andares superiores de prédios, mais expostos a sol, vento e chuva.
"Em 90% dos casos, o desplacamento de revestimento é causado por oxidação de armadura [ferro de vigas e pilares]", estima Rafael Nasser, 48, diretor da Refix Engenharia, que recupera e restaura fachadas.
Um defeito "genético" é a falta de juntas de movimentação na estrutura e no acabamento.
"Elas devem existir em acabamentos com pintura ou argamassa e podem ser acrescentadas numa obra de recuperação", explica Nasser. Recuperar a fachada, porém, custa até seis vezes mais do que fazer manutenção preventiva.


Próximo Texto: Fachada limpa: Prefeitura não fiscaliza se legislação é obedecida
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.