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Ano foi bom para comprar imóvel
Em 2007, bancos devem ampliar linhas de financiamento e procura pode elevar os preços
Renato Stockler/Folha Imagem
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A gerente de projetos Adriana Daghom investiu em um apartamento próprio neste ano para não "jogar dinheiro fora" com aluguel |
MARCELA CAMPOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O ano de 2006 foi favorável
para quem quis comprar um
imóvel: juros em queda, financiamentos em alta e um "pacote de bondades" do governo para a construção civil aqueceram
o segmento imobiliário e, em
muitos casos, aproximaram as
prestações do valor do aluguel.
Na opinião de Fábio Rossi Filho, diretor de marketing da
imobiliária Itaplan, em 2006,
houve retomada do mercado.
"O setor foi beneficiado por
novas opções de financiamento, de parcelas fixas, juros menores e prazos maiores", diz.
Mas, na ponta do lápis, quem
investiu suas economias em
um imóvel neste ano realizou
um bom negócio?
A resposta não encontra consenso entre especialistas. Na
avaliação do professor Ricardo
Rocha, do Laboratório de Finanças da USP (Universidade
de São Paulo), só grandes empresas que empreenderam na
fase da construção lucraram.
"É muito difícil uma pessoa
física ganhar dinheiro com
imóveis. Geralmente, quem
consegue isso são especialistas,
que garimpam melhores oportunidades, e quem tem muito
dinheiro e quer diversificar
aplicações, usando gestão imobiliária profissional", explica.
Assim, embora o rendimento
dos ativos imobiliários tenha
sido impulsionado por medidas
de incentivo à construção civil,
como redução de impostos, e
pela queda da Selic, ele é inferior ao de outras aplicações.
"A compra da casa própria no
Brasil não é investimento, é sonho. Em muitos casos, a pessoa
imobiliza o dinheiro porque, se
o tivesse em um fundo, ficaria
tentada a gastar", diz Rocha.
Foi movida pelo sonho que a
gerente de projetos Adriana
Daghom, 32, financiou neste
ano um dois-quartos no Jabaquara (zona sul). "É um dinheiro investido, e não jogado no lixo [como no aluguel]", justifica.
Aluguel
Para o economista Miguel de
Oliveira, vice-presidente da
Anefac (Associação Nacional
dos Executivos de Finanças), o
negócio imobiliário em 2006
valeu a pena, tanto para quem
comprou para revender como
para alugar, sob análise de uma
perspectiva de médio prazo.
"Se aplicasse no mercado financeiro, teria remuneração de
cerca de 1,2% ao mês. Com imóvel, a taxa de retorno é de 0,6%.
Não perdeu, mas ganhou menos. Só que, por ter comprado
mais barato, a tendência é que
recupere em pouco tempo."
Segundo Oliveira, a expectativa é que os bancos ampliem as
linhas de financiamento, e o
aumento da procura leve a um
encarecimento dos imóveis.
Sobre a locação, o economista diz que o crescimento do país
aponta para aquecimento do
mercado, inclusive de flats.
Com os índices de inflação
bem comportados, o preço do
aluguel se manteve constante
em 2006. "Proprietários com
locatários que pagam em dia
preferiram nem reajustar",
afirma Rocha. O que ficou salgado foi o condomínio, encarecido por aumentos de tarifas
públicas e falta de provisão para encargos trabalhistas.
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