São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

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TELEFONIA MÓVEL

Em países de alto uso de celulares, deve decolar venda de aparelhos de terceira geração, com mais velocidade

Empresas acreditam em explosão de 3G para 2004

MARCELO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Fabricantes e operadoras de telefonia móvel presentes na edição 2004 do 3GSM World Congress, realizado na semana passada em Cannes (França), concordam: a adoção em larga escala dos celulares de terceira geração (3G) acontece ainda neste ano -no terceiro trimestre, segundo Arun Sarin, presidente da britânica Vodafone-, ao menos nos países em que o uso dos celulares já é alto.
A principal característica dessa tecnologia é a capacidade de transmitir grandes quantidades de dados em alta velocidade, possibilitando download de músicas, streaming de vídeo e localização por GPS (sistema de posicionamento global). Durante o evento, estandes de fabricantes e operadoras fizeram demonstrações de produtos, serviços e tecnologias.
Mas, antes de se tornar uma realidade, a terceira geração enfrenta problemas. As operadoras, segundo Arun Sarin, reclamaram no congresso da menor qualidade (duração da bateria e tamanho) dos aparelhos em relação aos atuais, de 2,5G (GSM/GPRS), o que retardaria a liberação dos serviços, economicamente inviável.
De outro lado, fabricantes pedem uma rede estabilizada para testar os aparelhos e argumentam que o mesmo ocorreu com as tecnologias anteriores.
Para que a terceira geração se torne um sistema global unificado, é preciso haver uma boa integração das redes de 3G com as demais, das quais os usuários dependerão, quando saírem da área de cobertura dos novos sistemas.
Para complicar ainda mais a situação, debate-se a escolha de um único padrão para todo o mundo. Há atualmente pelo menos três opções: o favorito W-CDMA, o CDMA2000 e o TD-SCDMA.
O congresso também comemorou a marca de 1 bilhão de assinantes do sistema GSM no mundo, de um total estimado de 1,3 bilhão de telefones celulares ativos. Para representantes de companhias, o crescimento agora depende de países fora do eixo EUA-Europa-Japão. "Indonésia, Brasil, China e Índia estarão entre os principais responsáveis para esse crescimento", disse Jorma Ollila, presidente da Nokia. Ele acredita que, até 2007, haverá 2 bilhões de celulares em operação no mundo.
Segundo números apresentados no congresso, dos 10,2 milhões de celulares GSM habilitados na América do Sul em 2003, o Brasil foi responsável por 4,7 milhões (46%). Para Marco de Lissich, presidente da Associação GSM na América Latina, o sistema deverá liderar a região em 2006. Atualmente, o GSM (23% dos 117 milhões de celulares) tem menos assinantes do que o TDMA e do que o CDMA.
Na feira, Ericsson e Nokia apresentaram sistemas do tipo "push to talk" (aperte para falar), ou "voz sobre GPRS", sistema pelo qual, apertando um botão do celular, é possível falar simultaneamente com um grupo predefinido. Na prática, o "push to talk" lembra as transmissões via rádio, dispensando a ligação telefônica. O sistema deverá estrear neste ano na Austrália e na Tailândia.
Segundo o instituto IDC, cerca de 250 milhões de celulares estarão equipados com câmera digital na Europa até 2007. A Kodak se prepara para essa explosão. A partir de maio, usuários de celulares com câmeras de alta resolução em seis países (Alemanha, Espanha, Franca, Itália, Holanda e Reino Unido) poderão enviar fotos para lojas conveniadas e, depois, retirá-las impressas. O crescimento da fotografia em celulares também foi mencionado por outras empresas: Gilles Delfassy, vice-presidente da Texas Instruments, disse que, "em alguns anos, é provável que metade das fotos digitais sejam feitas em celulares".


O jornalista viajou a convite da Nokia


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