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CIÊNCIA
Institutos que mapearam o genoma do ser humano usam os maiores sistemas civis do mundo
Genoma exige 700 processadores
FRANCISCO MADUREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cientistas que estudaram e
decodificaram o mapa genético
do ser humano utilizaram a maior
estrutura de supercomputadores
já reunida na história.
A Celera Genomics, empresa
norte-americana que mapeou
98% desse código, utilizou cerca
de 700 processadores e uma capacidade de armazenamento superior a 70 Tbytes (76,9 trilhões de
letras ou cerca de 110 mil CDs).
São as máquinas mais poderosas
do mundo fora do círculo militar.
O Projeto Genoma Humano
(PGH), consórcio público que
reuniu universidades e institutos
de pesquisa de todo o mundo,
também utilizou computadores
superpotentes (veja quadro).
O Brasil também possui tecnologia de ponta para o estudo do
genoma de bactérias e vegetais,
como a Xylella fastidiosa e a cana-de-açúcar.
Esses equipamentos têm diversos papéis na decodificação dos
genes. Em primeiro lugar, eles
ajudam a gerenciar os imensos
bancos de dados com as sequências genéticas. O código genético
humano, por exemplo, possui
mais de 3 bilhões de letras.
Mas essa não é a tarefa mais
complexa que essas máquinas
voadoras executam. Um processo
chamado montagem consome
muitos gigabytes de memória. Ele
consiste em encontrar a ordem
correta das bases do DNA, que,
por ser uma molécula grande, só
pode ser lido em partes menores.
Funciona como se você tivesse
uma centena de colares com bolinhas coloridas dispostas em uma
certa ordem e decidisse cortá-los
em três partes aleatórias. O computador sobrepõe as partes e restaura a ordem original.
Agora imagine um número
considerável de colares que contenham, cada um, 3 bilhões de bolinhas coloridas. Não é à toa que
esses supercomputadores precisaram de muita memória -muitas vezes, o espaço total dos discos
rígidos mais comuns hoje.
Os genes são como receitas para
o organismo construir proteínas.
Um outro processo, chamado
anotação, é então realizado para
descobrir quais proteínas podem
ser fabricadas pelas sequências de
DNA descobertas.
Nesse caso, o computador compara o código genético com proteínas já existentes, o que pode revelar, por aproximação, a função
da proteína gerada.
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