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Brasileiros fazem misturas inusitadas que resultam em mashups divertidos
DA REPORTAGEM LOCAL
Misture Chico Buarque com
The Police, acrescente uma pitada de White Stripes e tempere com funk carioca. Aumente o
som e sirva o "Bonde dos Buarque de Hollanda" imediatamente na pista de dança mais
próxima.
A criação inusitada é de Andre Paste, um capixaba de apenas 18 anos que começou a se
aventurar no mundo dos sons
há dois anos, depois de fazer
um curso de produção de música eletrônica.
Há um ano, começou a fazer
mashups -colagens de diferentes sons que resultam em
uma faixa completamente nova- , inspirado por João Brasil,
músico carioca que é o maior
expoente do gênero no Brasil.
"Comecei a fazer mashups e
divulguei no MySpace (www.myspace.com/andrepastee).
Daí alguns blogs e sites especializados em música comentaram sobre mim. Em junho, fui
uma das oito apostas da Geração 91 pelo "Folhateen" e viajei
com um coletivo de artistas capixabas chamado Omelete
Marginal para Rio, São Paulo e
Curitiba", conta o garoto.
Para misturar Fábio Jr., Mr.
Catra, Gaiola das Popozudas,
Madonna, Wando, Britney
Spears, Susan Boyle, MGMT,
Cazuza e John Lennon, Paste
usa o Ableton Live. "É um programa muito completo, intuitivo. Nele você pode tanto tocar
ao vivo quanto produzir."
Paste, que carrega no sobrenome italiano uma das essências do mashup, o copiar e colar
(copy and paste, em inglês), diz
que para fazer uma boa faixa é
preciso ser "o mais eclético
possível". "O mais legal do
mashup é fazer misturas improváveis. O João Brasil, por
exemplo, misturou axé com
Ramones e ficou maravilhoso."
Apesar de gostar de Girl Talk,
Faroff, Chernobyl e Sany Pitbull, Paste não esconde sua
grande admiração por João
Brasil. "Ele é o primeiro cara
que eu vi que mistura música
brasileira com gringa."
Para conseguir isso, João
Brasil (www.myspace.com/joaobrasil) cultiva diversas influências. "Sou influenciado todos os dias, o dia inteiro. No
meu iPod tem de John Coltrane à banda Calypso", diz em entrevista à Folha.
Primeiros passos
Brasil começou a tocar bateria aos 13 anos. Passou para o
violão, depois começou a cantar e a compor e foi estudar música nos Estados Unidos, onde
aprendeu sobre produção, arranjo e composição.
A trajetória profissional começou quando ele fez, sozinho,
o disco "8 Hits", de canções
bem-humoradas, como define.
"Depois comecei a fazer mash-
ups e lancei o álbum virtual "Big
Forbidden Dance". Comecei a
tocar muito como DJ e a fazer
remixes tropicais inusitados
para bandas como CSS e
N.A.S.A", diz o DJ, que atualmente mora em Londres, onde
faz mestrado de design para
mídias interativas.
Para fazer suas combinações,
Brasil usa o Ableton Live e o
Reason. "Acho o Ableton imbatível para mashups, pois você
consegue colocar duas músicas
diferentes no mesmo tempo
muito mais rapidamente do
que em outros softwares. O
Reason, pelo tamanho da biblioteca dos sons. Para apenas
gravar bandas, o Protools com
certeza é o mais indicado."
Na hora de escolher o repertório, ele opta por músicas que
dão liga. "Vou na tentativa e erro até ver quais combinações ficam legais. Tem vezes que já sei
quais quero misturar", afirma.
E dá um conselho para quem
quer experimentar a arte dos
mashups: "Misture e experimente como se não houvesse
amanhã. Não tenha medo de
errar, pois às vezes é daí que sai
o maior acerto".
(DA)
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