São Paulo, quarta-feira, 07 de outubro de 2009

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Brasileiros fazem misturas inusitadas que resultam em mashups divertidos

DA REPORTAGEM LOCAL

Misture Chico Buarque com The Police, acrescente uma pitada de White Stripes e tempere com funk carioca. Aumente o som e sirva o "Bonde dos Buarque de Hollanda" imediatamente na pista de dança mais próxima.
A criação inusitada é de Andre Paste, um capixaba de apenas 18 anos que começou a se aventurar no mundo dos sons há dois anos, depois de fazer um curso de produção de música eletrônica.
Há um ano, começou a fazer mashups -colagens de diferentes sons que resultam em uma faixa completamente nova- , inspirado por João Brasil, músico carioca que é o maior expoente do gênero no Brasil.
"Comecei a fazer mashups e divulguei no MySpace (www.myspace.com/andrepastee). Daí alguns blogs e sites especializados em música comentaram sobre mim. Em junho, fui uma das oito apostas da Geração 91 pelo "Folhateen" e viajei com um coletivo de artistas capixabas chamado Omelete Marginal para Rio, São Paulo e Curitiba", conta o garoto.
Para misturar Fábio Jr., Mr. Catra, Gaiola das Popozudas, Madonna, Wando, Britney Spears, Susan Boyle, MGMT, Cazuza e John Lennon, Paste usa o Ableton Live. "É um programa muito completo, intuitivo. Nele você pode tanto tocar ao vivo quanto produzir."
Paste, que carrega no sobrenome italiano uma das essências do mashup, o copiar e colar (copy and paste, em inglês), diz que para fazer uma boa faixa é preciso ser "o mais eclético possível". "O mais legal do mashup é fazer misturas improváveis. O João Brasil, por exemplo, misturou axé com Ramones e ficou maravilhoso."
Apesar de gostar de Girl Talk, Faroff, Chernobyl e Sany Pitbull, Paste não esconde sua grande admiração por João Brasil. "Ele é o primeiro cara que eu vi que mistura música brasileira com gringa."
Para conseguir isso, João Brasil (www.myspace.com/joaobrasil) cultiva diversas influências. "Sou influenciado todos os dias, o dia inteiro. No meu iPod tem de John Coltrane à banda Calypso", diz em entrevista à Folha.

Primeiros passos
Brasil começou a tocar bateria aos 13 anos. Passou para o violão, depois começou a cantar e a compor e foi estudar música nos Estados Unidos, onde aprendeu sobre produção, arranjo e composição.
A trajetória profissional começou quando ele fez, sozinho, o disco "8 Hits", de canções bem-humoradas, como define. "Depois comecei a fazer mash- ups e lancei o álbum virtual "Big Forbidden Dance". Comecei a tocar muito como DJ e a fazer remixes tropicais inusitados para bandas como CSS e N.A.S.A", diz o DJ, que atualmente mora em Londres, onde faz mestrado de design para mídias interativas.
Para fazer suas combinações, Brasil usa o Ableton Live e o Reason. "Acho o Ableton imbatível para mashups, pois você consegue colocar duas músicas diferentes no mesmo tempo muito mais rapidamente do que em outros softwares. O Reason, pelo tamanho da biblioteca dos sons. Para apenas gravar bandas, o Protools com certeza é o mais indicado."
Na hora de escolher o repertório, ele opta por músicas que dão liga. "Vou na tentativa e erro até ver quais combinações ficam legais. Tem vezes que já sei quais quero misturar", afirma.
E dá um conselho para quem quer experimentar a arte dos mashups: "Misture e experimente como se não houvesse amanhã. Não tenha medo de errar, pois às vezes é daí que sai o maior acerto". (DA)


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