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Reportagem de capa
Candidatos se lançam em corrida na rede
BOCA-DE-URNA Campanhas aproveitam as diversas tecnologias internéticas para ganhar apoio em votos e em dinheiro
DO COLUNISTA DA FOLHA
Em abril, no "New York Times" (www.nytimes.com), o
presidente do Partido Republicano lançou o oráculo de que "o
efeito da internet na política
será tão transformador quanto
foi o da televisão". Vale para os
EUA desde já -e, na avaliação
crescente, deve valer também
para o Brasil.
Os internautas já seriam
"aproximadamente 30% do total de eleitores", o que é "bastante significativo", aponta
Valter Pomar, secretário do PT
-que lançou manifesto pela
"participação de todos os
apoiadores" de seu candidato
na campanha pela internet.
O sociólogo e marqueteiro
Antônio Lavareda, ligado ao
PFL, sublinha o poder de influência da rede sobre o jornalismo, inclusive o telejornalismo. Ele acredita, por exemplo,
que "com internet, Collor não
teria sido eleito".
Vídeos
Com alcance direto ou indireto ao eleitor, as campanhas
brasileiras, sobretudo as federais, já estão em uma corrida
para incorporar os mecanismos de persuasão, de mobilização e até de arrecadação.
Onda mais recente na rede, o
vídeo on-line é a estrela nas
campanhas de Lula (lulapresidente.org.br) e de Aloizio Mercadante (mercadante.com.br), como se viu na última
sexta-feira, com a transmissão
ao vivo de um evento em São
Paulo. Os dois sites trazem cenas para download, o que também acontece com o site da
campanha de Heloísa Helena
(heloisahelena50.com.br)
-que traz reproduções de entrevistas para a televisão.
Blogs
José Serra (serra45.org.br),
também na última sexta-feira,
e Alckmin (geraldo45.org.br),
no fim de semana, lançaram
outra estrela para o ano eleitoral: os blogs de candidatos. Por
enquanto, são os únicos.
No Blog do Serra, há posts
com títulos como "Serei porta-voz de São Paulo" e "É preciso
agir mais e falar menos para
combater o crime". No Blog do
Geraldo, "Para ter justiça social, o Brasil precisa crescer de
forma igual em todas as regiões" e "Por que o crime tem
medo do Geraldo".
Um fato que ainda não se verifica no Brasil, mas se tornou
corriqueiro nos EUA e deve
chegar logo, é a contratação de
blogueiros já estabelecidos para cobrir as campanhas.
De todo modo, o jornalista
Luiz Gonzalez, que comanda o
marketing de Serra, sublinha
que "o impacto dos blogs é
mais interno do que externo" e
mobiliza mais "as equipes de
campanha" e os militantes.
Interatividade
Uma das ferramentas de interação nas campanhas americanas, os links de arrecadação
financeira estão em fase incipiente. Alckmin, até com formulário, Lula, Heloísa Helena e
outros mencionam ou dão instruções em seus sites, mas não
o link para contas bancárias.
Fora a arrecadação, as campanhas tucanas são as que contam com mais instrumentos de
interação, como enquetes e
"comentários" nos blogs dos
candidatos, e de contato, como
podcast.
Paralelamente, mecanismos
como mensagens de celular e e-mail vêm sendo testados e incorporados, ainda que, como
no caso da arrecadação, as regras não sejam claras -ou, pior,
exista proibição expressa.
É o caso da propaganda por
celular. Há duas semanas, em
Brasília, é alvo de investigação
pela Justiça Eleitoral a mensagem supostamente enviada pelo deputado pefelista Alberto
Fraga -que nega. O texto diz:
"No referendo das armas, Fraga defendeu o povo, na Câmara
ele defende você. Vote Fraga",
mais o número do candidato.
Mensagens por celular e e-mail seriam permitidas apenas
com a concordância de quem
recebe -como no caso do "ex-blog de Cesar Maia", que integra a direção da campanha de
Alckmin; mas não, por exemplo, no de um conhecido e-mail
do pedetista Fernando Chiarelli, com uma imagem do Congresso sob ataque.
(NELSON DE SÁ)
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