São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2010

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vida digital

Leitor automático de notícia gera angústia por excesso de dados

Repórter conta como chegou a uma organização eficiente para suas leituras

DANIELA ARRAIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Sempre quis saber tudo o que acontece no mundo. Com a internet, esse tudo virou infinito, e a vontade se transformou em exagero.
Um belo dia, me vi angustiada. Era um tipo de angústia diferente, sobre a qual eu nunca tinha refletido e que, pensando bem, teria até um um pouco de vergonha de confessar para os amigos... Resolvi chamá-la de angústia digital.
Você pode nunca ter ouvido a expressão, mas é quase certo que tenha que lidar com seus sintomas diariamente. Simplesmente por conta do excesso de informação a que somos submetidos a cada instante. São milhares de notícias, centenas de e-mails, diversos posts em redes sociais como o Facebook e o Twitter, alguns SMS que recebemos no celular.
É possível dar conta de tudo isso? Achava que sim. Pela experiência do dia a dia, percebi que não. E me vi angustiada em meio a tanta informação. Daí percebi que a gente tem que escolher como estabelece nossa relação com a internet.
Resolvi perguntar a alguns dos meus amigos e conhecidos como eles faziam para se manterem atualizados. A maioria revelou sofrer do problema.
Foi então que a minha angústia se transformou em irritação. E resolvi tomar alguma atitude. O primeiro passo foi identificar qual era o agente causador dela. Tive que voltar um pouco no tempo para perceber que meu grande problema começou quando conheci o Google Reader, leitor de feeds.
Feeds são arquivos atualizados a cada vez que um site recebe novos conteúdos. Funcionam como alertas e chegam a você, leitor, por meio de um programa chamado agregador. Entre os mais populares, estão o NetVibes e o próprio Reader do Google.
Em vez de criar uma pasta com seus links favoritos e abri-la a cada dia em busca de novidades, com o feed você recebe as informações quentinhas, em um lugar só.
Abandonei os favoritos e fiz do Google Reader minha porta de entrada para a internet. Conseguia ler as notícias que me interessavam, acompanhava os blogs de amigos, via algum besteirol para rir um pouco.
Pela facilidade da coisa, acabei criando outro problema: a cada vez que eu encontrava algum site interessante nesta internet infinita, logo assinava seu feed. Não levou muito tempo para que eu chegasse à marca de 828 assinaturas.
Seria impossível acompanhar, diariamente, o que tanta gente quer dizer. Meu Reader ficou parecendo o FarmVille abandonado e me acostumei a vê-lo marcar +1000 (itens não lidos), o terror de todo mundo que usa RSS.
Em uma bela sexta-feira, troquei o bar com amigos pela mesa da sala e fui fazer uma análise do meu Reader. A primeira coisa que percebi foi que ele era dividido por categorias, muitas delas. Por mais que eu tenha algum interesse em ecologia, por exemplo, será que eu precisava mesmo ler sobre isso sempre? A segunda coisa que percebi foi que inventava uns nomes esquisitos para algumas categorias. Mais adiante vi que objetividade é fundamental.
A terceira coisa de que me dei conta foi de que não havia uma hierarquia nos meus feeds. Passei a filtrar as informações, respondendo à pergunta: o que preciso ler todo dia para o trabalho e para a vida pessoal?
Na base da intuição, reorganizei tudo. Desassinei todos os feeds que tinha, não sem antes anotar os preferidos.
Depois de seis horas, cheguei ao Reader ideal. Com cerca de cem sites divididos em apenas 15 categorias, como "pra ler todo dia", "arte", "blogs", "música" e "tecnologia".
A angústia que eu sentia cessou. O eterno +1000 perdeu lugar. Hoje em dia acompanho bem melhor tudo aquilo que é do meu interesse.
Se animam a fazer o mesmo? Então, paciência e boa sorte!


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