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vida digital
Leitor automático de notícia gera angústia por excesso de dados
Repórter conta como chegou a uma organização eficiente para suas leituras
DANIELA ARRAIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Sempre quis saber tudo o que
acontece no mundo. Com a internet, esse tudo virou infinito,
e a vontade se transformou em
exagero.
Um belo dia, me vi angustiada. Era um tipo de angústia diferente, sobre a qual eu nunca
tinha refletido e que, pensando
bem, teria até um um pouco de
vergonha de confessar para os
amigos... Resolvi chamá-la de
angústia digital.
Você pode nunca ter ouvido a
expressão, mas é quase certo
que tenha que lidar com seus
sintomas diariamente. Simplesmente por conta do excesso de informação a que somos
submetidos a cada instante.
São milhares de notícias, centenas de e-mails, diversos posts
em redes sociais como o Facebook e o Twitter, alguns SMS
que recebemos no celular.
É possível dar conta de tudo
isso? Achava que sim. Pela experiência do dia a dia, percebi
que não. E me vi angustiada em
meio a tanta informação. Daí
percebi que a gente tem que escolher como estabelece nossa
relação com a internet.
Resolvi perguntar a alguns
dos meus amigos e conhecidos
como eles faziam para se manterem atualizados. A maioria
revelou sofrer do problema.
Foi então que a minha angústia se transformou em irritação. E resolvi tomar alguma atitude. O primeiro passo foi identificar qual era o agente causador dela. Tive que voltar um
pouco no tempo para perceber
que meu grande problema começou quando conheci o Google Reader, leitor de feeds.
Feeds são arquivos atualizados a cada vez que um site recebe novos conteúdos. Funcionam como alertas e chegam a
você, leitor, por meio de um
programa chamado agregador.
Entre os mais populares, estão
o NetVibes e o próprio Reader
do Google.
Em vez de criar uma pasta
com seus links favoritos e abri-la a cada dia em busca de novidades, com o feed você recebe
as informações quentinhas, em
um lugar só.
Abandonei os favoritos e fiz
do Google Reader minha porta
de entrada para a internet.
Conseguia ler as notícias que
me interessavam, acompanhava os blogs de amigos, via algum
besteirol para rir um pouco.
Pela facilidade da coisa, acabei criando outro problema: a
cada vez que eu encontrava algum site interessante nesta internet infinita, logo assinava
seu feed. Não levou muito tempo para que eu chegasse à marca de 828 assinaturas.
Seria impossível acompanhar, diariamente, o que tanta
gente quer dizer. Meu Reader
ficou parecendo o FarmVille
abandonado e me acostumei a
vê-lo marcar +1000 (itens não
lidos), o terror de todo mundo
que usa RSS.
Em uma bela sexta-feira, troquei o bar com amigos pela mesa da sala e fui fazer uma análise do meu Reader. A primeira
coisa que percebi foi que ele era
dividido por categorias, muitas
delas. Por mais que eu tenha algum interesse em ecologia, por
exemplo, será que eu precisava
mesmo ler sobre isso sempre?
A segunda coisa que percebi foi
que inventava uns nomes esquisitos para algumas categorias. Mais adiante vi que objetividade é fundamental.
A terceira coisa de que me dei
conta foi de que não havia uma
hierarquia nos meus feeds. Passei a filtrar as informações, respondendo à pergunta: o que
preciso ler todo dia para o trabalho e para a vida pessoal?
Na base da intuição, reorganizei tudo. Desassinei todos os
feeds que tinha, não sem antes
anotar os preferidos.
Depois de seis horas, cheguei
ao Reader ideal. Com cerca de
cem sites divididos em apenas
15 categorias, como "pra ler todo dia", "arte", "blogs", "música" e "tecnologia".
A angústia que eu sentia cessou. O eterno +1000 perdeu lugar. Hoje em dia acompanho
bem melhor tudo aquilo que é
do meu interesse.
Se animam a fazer o mesmo?
Então, paciência e boa sorte!
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