São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2005

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NOS CAMINHOS DA LUZ

Empresas dos EUA discutem entrada no mercado brasileiro para oferecer internet de alta velocidade

Acesso pela rede elétrica é rápido e barato

IURI DANTAS
DE WASHINGTON

Os moradores da cidade de São Paulo podem vir a ter mais uma modalidade de acesso rápido à internet. Desde o início do ano, a Eletropaulo está negociando com empresas norte-americanas a oferta de conexão utilizando a rede elétrica. Essa tecnologia, que se chama PLC, já é usada nos Estados Unidos, embora sem a enorme adesão vista nos outros serviços, especialmente cable modem e ADSL.
Segundo a Folha apurou, algumas empresas estão prontas para iniciar o negócio, mas ainda há questões técnicas a resolver com a Eletropaulo.
A modalidade de acesso que utiliza energia elétrica costuma ser de 5% a 10% mais barata que os demais serviços de conexão.
O modelo pode servir como alternativa econômica para programas de acesso implementados pelo governo. Duas empresas procuradas pela Folha, na semana passada, não quiseram confirmar negociações com o Palácio dos Bandeirantes ou com o Planalto, mas não descartaram futuras parcerias com o poder público.
As empresas envolvidas com a tecnologia dizem que a velocidade de acesso aumenta dos atuais 3 Mbps a 5 Mbps, da banda larga convencional, para uma variação de 2 Mbps a 6 Mbps. O sistema consome pouca energia, ou seja, não provoca aumento significativo no gasto de força elétrica.

Funcionamento
Existem dois tipos de adaptador: um na origem do serviço de internet, que une na rede de baixa voltagem os sinais elétricos e de dados. Na outra ponta, um roteador transforma o sinal recebido pela rede elétrica novamente em dados, que podem ser repassados aos consumidores via tomada ou por acesso sem fio.
Como a tecnologia é razoavelmente nova, a estratégia das grandes empresas nos EUA tem sido convencer prefeitos a permitir experiências em larga escala. Em Cincinatti, no Estado de Ohio, e na capital Washington há iniciativas desse tipo.
De posse dos resultados físicos e do retorno dado pelos clientes, as empresas buscam novos mercados. No Brasil, ajuda o fato de as empresas de energia ainda passarem por uma recuperação depois do apagão de 2001. Oferecendo o serviço de banda larga, elas receberiam uma porcentagem dos valores das assinaturas.

Base econômica
Em linhas gerais, a transmissão de dados pelos fios de cobre da energia elétrica é uma tecnologia antiga, deixada de lado com o início da bolha das empresas pontocom no final da década passada.
Com previsões exorbitantes de lucro e retorno infinito dos investimentos, grandes empresas direcionaram grandes volumes de recurso para a implantação de redes de fibra óptica ligando os EUA à Europa, América do Sul e Ásia.
Quando a bolha especulativa explodiu, a imensa infra-estrutura continuou disponível, com uma diferença de preço considerável. Logo, tornava-se lógico incentivar o uso de banda larga por consumidores domésticos e empresariais, ao mesmo tempo em que se vendia para Índia, China e outros países do sudeste asiático a possibilidade de acesso muito mais barato. Daí a atual integração tecnológica desses países com empresas norte-americanas.


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